Falsificar carteirinha de estudante; colar na prova; subornar o examinador no teste de direção; roubar TV a cabo; furar fila; oferecer dinheiro ao guarda para escapar do reboque; estacionar na vaga de pessoa com deficiência; cobrar do paciente um valor à parte, mesmo que o SUS ou o plano cubram o procedimento; aceitar troco a mais; vender sem nota fiscal para não pagar imposto. Alguma dessas atitudes soa familiar?

Se há um momento para se pensar a respeito é hoje, Dia Internacional contra a Corrupção. Há exatos 16 anos, o Brasil e outros 101 países assinaram a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção. Essa batalha é personificada pela operação Lava Jato no Brasil. Mas não precisamos recorrer às máfias para falar da prática criminosa.

Ela começa em cada indivíduo que se sente no direito de levar vantagem sobre outro, em cada corporação que se acha merecedora de alíquota menor de imposto, em cada político que avalia ser “normal” ficar com um percentual do dinheiro movimentado por sua indicação.

E não é privilégio dos brasileiros. No início deste ano, 50 celebridades e milionários norte-americanos foram indiciados por pagarem milhares de dólares em suborno para que seus filhos fossem aceitos por universidades de prestígio. Vale lembrar também o escândalo na Fifa, que arrastou até o ex-craque francês Michel Platini, preso em junho deste ano.

O Índice de Percepção de Corrupção da Transparência Internacional, publicado anualmente desde 1995, traz Dinamarca, Nova Zelândia e Finlândia como os países menos corruptos do mundo, enquanto Somália, Síria e Sudão do Sul encabeçam a outra ponta. A relação é óbvia: quanto mais desigualdade econômica e instabilidade social, mais corrupção. Os dados apontam qual deve ser o parâmetro para o combate a esse mal da humanidade.