Editorial

Inundações são um problema histórico na RMBH

Canalização de rios, acúmulo de lixo e falta de planejamento metropolitano favorecem destruição pelas chuvas

Por Editorial O TEMPO
Publicado em 09 de dezembro de 2022 | 05:00
 
 
 
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Infelizmente, destruições e mortes causadas pelas chuvas como as desta semana não são novidade para a população da região metropolitana e de Belo Horizonte. Entra ano, sai ano, o temor não diminui, não importa os anúncios de obras ou planos emergenciais, como anunciado há cerca de dois meses pela prefeitura da capital.

A primeira justificativa, invariavelmente, é o volume inesperado das chuvas. Somente na noite de quarta-feira, foram 100 mm de precipitação, praticamente um terço do esperado para todo o mês de dezembro. Mas fica difícil se contentar apenas com essa explicação, uma vez que as mudanças climáticas afetaram drasticamente os regimes pluviométricos, tornando tragicamente comuns a repetição dessas tempestades “inesperadas”.

Essas explicações rápidas estão literalmente na superfície do problema. Belo Horizonte se assenta sobre cerca de 700 km de cursos d’água, mas, devido a uma lógica equivocada que data da construção da capital, boa parte deles foi alterada. Já em 1920, por não estarem adequados ao planejamento urbano, grandes trechos dos córregos do Leitão e do Acaba Mundo foram cobertos por cimento e alvenaria.

Atualmente, praticamente um terço dos cursos d’água estão canalizados ou revestidos, perdendo cobertura vegetal, forçados a seguir um trajeto não natural e que, diante das chuvas, ganham força e volume acima do natural, arrastando tudo por onde encontrem saída.

Outro fator que não pode ser negligenciado é o acúmulo de lixo e entulhos lançados dolosamente nos rios, em suas margens, e nas redes de esgoto. De acordo com a Superintendência de Limpeza Urbana da capital, são mais de 1.000 toneladas retiradas por mês – ainda assim, insuficientes para evitar o pior.

Assim como os estragos causados pelas chuvas não se limitam a uma só cidade, a solução do problema também não pode ser tomada individualmente pelas prefeituras. Enfrentar o recorrente problemas das chuvas depende de um planejamento metropolitano que leve em conta a arborização, os cursos d’água e a mudança da atitude em relação ao lixo de cada município.

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