A base nacional curricular para o ensino médio que dá execução à reforma implantada pelo governo Temer em 2016 foi aprovada ontem pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). O documento define o conteúdo mínimo que será ensinado em todas as escolas do país.

Segundo um membro do CNE, foi a base possível de ser aprovada. Um dos relatores se absteve de votar por discordar do documento final. Outros membros se afastaram. Audiências públicas, que estavam previstas, foram suspensas por pressão de professores e alunos.

O governo esperava terminar seu mandato com a base aprovada, a despeito das falhas. O processo havia sido iniciado em 2014, ainda durante a gestão de Dilma Rousseff. Com Temer, a reforma foi aprovada por meio da apresentação de uma medida provisória.

O governo diz que não tentou se adiantar à gestão do presidente eleito, Jair Bolsonaro, alegando que tratou de executar uma política de Estado – não de governo. O processo vem se desenrolando desde 2012, com a aprovação do Plano Nacional de Educação.

O novo currículo terá de ser homologado pelo MEC. A data prevista é o próximo dia 14. O texto vai nortear o que deve ser ensinado nas escolas públicas e privadas. A reforma compreende dois blocos: um, comum; outro, escolhido pelos alunos entre cinco áreas.

A implementação da base nas escolas estaduais e privadas deve demorar dois anos. O ensino médio é um dos gargalos da educação brasileira. Pesquisa publicada ontem por O TEMPO informa que 23% dos nossos jovens não estudam nem trabalham.

É no ensino médio que ocorre um dos pontos de ruptura do alunado com a educação. Grande parte dos jovens deixa de estudar para poder trabalhar. Outra parte termina o ensino médio, mas não dá seguimento aos estudos fazendo um curso universitário.

A reforma pretende mudar isso, fazendo o aluno se interessar por alguma área de conhecimento.