A névoa de fuligem que tomou ruas e casas de Belo Horizonte e cidades da região metropolitana reflete um comportamento irresponsável e egoísta e põe a saúde da população em risco. Em meio a uma seca após o fim do inverno, com alerta da Defesa Civil quando a umidade do ar baixou a 20% e a temperatura passou dos 30ºC, focos de incêndios atingiram da Pampulha à Cidade Administrativa.
Em nove meses, foram registrados 16 mil queimadas em lotes e matas no Estado, um crescimento de 58% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o Corpo de Bombeiros. Muitos desses casos, atos intencionais para limpeza de lotes e destruição de lixo, negligência com cigarros ou, ainda, um comportamento criminoso contra o ambiente.
Um dos pontos atingidos, a mata da UFMG, preserva, no meio urbano, espécies da Mata Atlântica e do Cerrado, dois biomas sob constante ameaça. Na Linha Verde, a fumaça reduziu a visibilidade de motoristas no principal acesso para o Aeroporto Internacional de Confins e por onde passam mais de 70 mil veículos todos os dias.
Além do desconforto causado pela fuligem e pelo calor, a qualidade do ar sofre uma deterioração. Os incêndios liberam gás carbônico, enxofre e partículas que, quando aspirados, provocam secura das vias aéreas, cansaço, alergias e contribuem para agravar doenças respiratórias.
Ainda que as chuvas previstas possam aliviar o problema, é essencial uma mudança de comportamento, que deve ser mais solidário e responsável, em relação ao ambiente e à sociedade. Se o apelo não for suficiente, cabe lembrar que atear fogo à vegetação é crime previsto na Lei 9.605/1998, com pena que pode variar de dois a quatro anos de prisão, além de multa.