O anúncio do Prêmio Nobel da Paz para o ativista bielorrusso Ales Bialiatiski e as organizações humanitárias Memorial (russa) e Centro para as Liberdades Civis (ucraniana) são um claro e sonoro apelo por uma solução do conflito e das constantes ameaças aos direitos humanos no Leste Europeu.
Oito meses de guerra na Ucrânia deixaram pelo menos 6.000 civis mortos e 9.000 feridos – na maioria por explosões e disparos de artilharia –, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Mais de 7,6 milhões de pessoas se tornaram refugiados em Rússia, Polônia, Eslováquia, Romênia e outros países europeus. Além disso, um terço da população ucraniana foi forçada a deixar suas casas e migrar dentro do país.
De forma alguma pode-se considerar um conflito local. O Programa das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura estima que o aumento de custo dos alimentos, dos fertilizantes e dos combustíveis provocado pela guerra elevou em 200 milhões o número de pessoas com fome em todo o mundo. Para enfrentar esse problema específico, seriam necessários US$ 22 bilhões em fundos emergenciais – mais que todo o produto interno bruto de Minas Gerais em 2021.
Bialiatski está preso pelo regime de Aleksandr Lukashenko (Bielorrússia) desde o ano passado sem ter passado por qualquer julgamento. A Memorial, que denuncia abusos aos direitos humanos desde a era soviética, foi fechada pelo governo de Vladimir Putin sob a acusação de “justificar atividades terroristas”. E o Centro para Liberdades Civis tenta manter o fluxo de informações confiáveis e a defesa dos civis em meio ao caos da guerra. Como bem descreveu o comitê, o prêmio evidencia de forma inequívoca “a importância da sociedade civil para a paz e a democracia.