Ainda é cedo para saber o nível de risco oferecido pela nova variante do coronavírus, mas não se pode esperar ser tarde demais para adotar medidas preventivas. É razoável considerar pelo menos o passaporte vacinal e ampliar a testagem estratégica no Brasil. São ações proporcionais e que não trariam de imediato grandes problemas à economia e ainda poderiam salvar o país de mais um pico de casos. 

Pelo menos até a tarde de ontem não havia por parte do governo federal um posicionamento em relação ao pedido da Anvisa de suspender o embarque de passageiros de seis países do continente africano, epicentro da variante ômicron. A tomada de decisões precisa de agilidade para não perder a corrida para a variante, que parece ter maior poder de proliferação em comparação com as conhecidas até então. Basta notar que ela já chegou a Israel, Bélgica e Hong Kong. 

Se por um lado a rápida detecção e classificação da nova variante mostram evolução no conhecimento sobre o coronavírus, o surgimento dela escancara uma triste realidade: a diferença na distribuição de vacinas entre países ricos e pobres. Na África do Sul, onde a ômicron teve origem, apenas 23,5% da população já completou o ciclo vacinal. A imunização completa é a principal forma de barrar as mutações do vírus. 

Na avaliação do Ministério da Saúde, a vacinação no país será capaz de contribuir para a resposta à nova variante. Mas as medidas não farmacológicas continuam sendo essenciais: distanciamento, uso de máscara e isolamento dos casos suspeitos. 

Assim como aconteceu nas três primeiras ondas, a contenção da quarta vai depender da capacidade de monitoramento dos governos federal, estadual e municipal e, é claro, da atitude da população.