O presidente da República assinou decreto permitindo que os cidadãos brasileiros tenham a posse de até quatro armas de fogo, desde que essas sejam mantidas em suas residências ou propriedades.
Para saber o impacto dessa decisão na saúde pública, a Sociedade Brasileira de Pediatria fez, com o uso de dados do Ministério da Saúde, um estudo sobre como elas afetam a vida de crianças e adolescentes.
O estudo pegou os números de homicídios, acidentes e suicídios de jovens entre zero e 19 anos durante 20 anos. As conclusões são preocupantes, apesar de o país, até agora, limitar a posse de armas de fogo.
Em Minas, morrem 11 crianças e adolescentes vítimas de armas de fogo por semana. No mesmo período, dez jovens são internados com ferimentos. O Estado é o terceiro em internações e o quinto em óbitos.
Entre 1997 e 2016, 11.214 jovens morreram por causa de ferimentos por arma de fogo. Os internados em hospitais para tratamento, gerando custos para a saúde pública, chegaram a 10.016 entre 1999 e 2018.
Apenas 1% dos óbitos de crianças e adolescentes se deveu a acidentes com arma de fogo. A maior parte das mortes (94%) foi devida a homicídios em que jovens foram as vítimas dos assassinos.
Com todas as restrições existentes até agora, crianças e adolescentes deveriam estar imunes à possibilidade de morte por arma de fogo. No entanto, sobretudo os jovens não são poupados da violência vigente no país.
Não obstante os instrumentos de proteção à juventude, eles são os mais expostos à violência. A arma de fogo exerce sobre eles um enorme fascínio e lhes dá uma sensação de poder sobre os outros indivíduos.
Facilitado o acesso às armas, os jovens serão, potencialmente, as maiores vítimas. A probabilidade é ocorrer aumento nos acidentes com o crescimento do número de residências guardando armas de fogo.