O recente início da flexibilização da economia no Brasil expõe um dos efeitos da pandemia do coronavírus: o desemprego. O IBGE divulgou, ontem, que o número de pessoas em busca de uma colocação aumentou em mais de 1 milhão entre a terceira e a quarta semana de agosto, chegando a cerca de 13,7 milhões, a maior taxa desde o início da proliferação da doença em nível mundial. Esses dados foram obtidos pela Pnad Covid-19, que avalia o comportamento do mercado de trabalho especificamente durante a pandemia.
A queda brusca na ocupação da força de trabalho não acontece apenas no Brasil e já era prevista desde os primeiros meses da pandemia. Em maio, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) projetaram que, neste ano, mais de 11,5 milhões de trabalhadores devem ficar desempregados no continente e no Caribe.
Essa lamentável tendência vai colocar à prova a capacidade de os governos se articularem para ajudar a iniciativa privada a absorver a mão de obra, principalmente nos setores de serviço e comércio, os mais impactados pelas medidas de prevenção ao coronavírus.
No Brasil, microempresários reclamam da dificuldade em ter acesso ao crédito destinado a eles pelo governo federal. A redução do impacto da pandemia nos empregos depende muito desse tipo de programa.
Os números negativos da economia também devem reacender o debate sobre a quarentena, se ela foi aplicada na dose correta nas diversas partes do Brasil, o que é legítimo. Mas, nessa discussão, o contexto deve ser analisado levando-se em conta as vidas preservadas pelas restrições na atividade econômica.