Não é surpresa alguma o anúncio da suspensão da entrada de brasileiros – e viajantes de outros 29 países – nos Estados Unidos. O cenário de contágio naquele país, que soma mais de 25 milhões de infectados, e o surgimento de cepas do coronavírus mais agressivas, levaram à retomada da proibição que vigia desde o início do ano e foi curtamente interrompida em 18 de janeiro, como uma forma de Donald Trump fustigar o seu sucessor.
Antes de ser vista como uma provocação de Biden ao governo brasileiro, a medida precisa ser entendida como um alerta num momento em que a vacina contra a Covid-19 está sendo confundida com um “passe livre” internacional – como havia sugerido uma enfermeira capixaba no fim de semana, em um vídeo que despertou atenção e revolta por menosprezar a imunização e também o uso da máscara.
O Centro de Informações em Saúde para Viajantes da UFRJ lembra que as vacinas aprovadas até agora não foram projetadas para impedir a circulação do vírus. Mesmo imunizada, a pessoa continua sendo capaz de transportar o Sars-Cov-2, colocando em risco aqueles que não possuem anticorpos. Além disso, já foram identificadas transformações no vírus, inclusive com reinfecções atestadas pelo Ministério da Saúde brasileiro. Algo que demanda mais estudos sobre o comportamento da doença.
É inegável o impacto econômico da suspensão das viagens. Os EUA são o segundo destino dos turistas brasileiros – que gastam mais de US$ 16 bilhões por ano no exterior. Por isso, é essencial para o Brasil não apenas vacinar, mas fortalecer as medidas de prevenção para atestar segurança e negociar o fim da suspensão. Porém, sem controle efetivo da pandemia, as perdas econômicas e em vidas por negligenciar o riscos serão incalculáveis.