A cada reajuste no preço da passagem, os centavos a mais pesam no fim das contas para a população. O aumento do valor da tarifa em 15% foi responsável por colocar Belo Horizonte com a maior inflação entre as capitais em janeiro.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em alta de 1,1% na capital mineira, segundo relatório divulgado ontem. O índice do município é mais que o dobro da média nacional.
Quem mais sofre com o impacto da inflação do transporte é o trabalhador de baixa renda, que depende do ônibus para lazer e saúde. Para quem está desempregado, o alto preço da tarifa pode ser um obstáculo para contratação, especialmente para as populações que vivem longe dos centros econômicos. O presidente da presidente da Associação dos
Usuários de Transporte Coletivo da Grande BH, Francisco Maciel, relatou à reportagem de O TEMPO, em abril do ano passado, que a entidade já havia registrado demissões com reajustes anteriores.
Outra parcela fortemente impactada é a dos trabalhadores autônomos e informais. Considerando 20 dias de trabalho, um ambulante que usa uma linha para se deslocar de casa ao local de trabalho passou a gastar R$ 30 a mais por mês com o último reajuste em BH.
O impacto do transporte no orçamento familiar das famílias mais pobres pode ser amenizado por políticas públicas de subsídio. A capital mineira avançou nessa área no último ano. A gratuidade nos ônibus do transporte coletivo municipal em 12 linhas que atendem regiões de favelas e vilas de Belo Horizonte passou a ter força de lei.
Só essa medida tem sido capaz de transportar em média, 433 mil passageiros por mês. O passe livre aos domingos e feriados para todas as pessoas foi vetado, mas segue como pauta importante a ser discutida, visando facilitar o lazer para as pessoas da periferia.
O ideal é que o sistema de mobilidade urbana sirva para garantir o acesso a direitos e oportunidades para todos, e não como mais um obstáculo.