Promessa e esperança

Um dia após os dados do PIB afastarem o risco de uma recessão técnica, o desemprego apresentou um recuo, mas as estatísticas ainda estão longe das promessas do governo Temer de criar 6 milhões de vagas com a reforma trabalhista. Dois anos depois de sua aprovação pelo Senado, o número de novos empregos mal passa de um terço dessa projeção, e, mesmo assim, graças principalmente ao avanço da informalidade.

Em 2017, cerca de 10,7 milhões de brasileiros trabalhavam no setor privado, mas sem carteira assinada. Nos resultados da Pnad Contínua para o segundo trimestre deste ano, divulgada ontem pelo IBGE, esse número passa dos 11,6 milhões. No caso dos profissionais por conta própria sem CNPJ, os valores foram de aproximadamente 18,5 milhões para 19,4 milhões no mesmo período. No quesito informalidade, os dados apurados são recorde da série histórica.

Tal mudança do perfil profissional não se dá sem custo. O rendimento médio do trabalhador brasileiro vem caindo mês a mês desde o início do ano. Ele passou de R$ 2.322 em janeiro deste ano para R$ 2.286 na última medição – que é praticamente o mesmo nível de julho de 2017, quando a nova CLT foi aprovada.

O próprio Planalto não se mostra satisfeito, diz que o crescimento está sendo mais lento do que o esperado e já ensaia sua própria reforma. Houve uma tentativa de implementar mudanças por meio da MP da Liberdade Econômica, e, agora, a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, do Ministério da Economia, mobiliza técnicos, procuradores e magistrados para analisar uma nova legislação mais ágil e menos burocrática.

Para o trabalhador, resta a esperança – de que o atual momento seja passageiro e que o país possa gerar empregos de qualidade e renda tão necessários para o seu crescimento sustentável.