A pandemia, que já deixou um rastro de mais de 120 mil mineiros infectados, também tem servido para evidenciar a capacidade dos profissionais da ciência e da pesquisa no Estado. Essa foi uma das principais razões por Minas Gerais ter sido escolhida para participar dos testes da fase 3 da vacina da Sinovac Biotech, iniciados na última sexta-feira.
Minas é o quarto Estado do país em número de bolsistas da Capes e o terceiro na quantidade de programas de pós-graduação e, apesar dos sérios cortes orçamentários nos últimos anos, somente a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foi responsável pela publicação de quase 15 mil artigos científicos em cinco anos, segundo a Web of Science.
Reflexos dessa concentração de conhecimento não se limitam à parceria com o laboratório chinês. A técnica desenvolvida pelos grupos de imunopatoligia e doenças virais possibilitam à Fiocruz Minas Gerais desenvolverem um estudo próprio de vacina contra a Covid-19 a partir de análises do vírus Influenza.
Os pesquisadores mineiros também estão na linha de frente de estudos de substâncias que combatam o processo infeccioso que muitas vezes leva à morte os pacientes com o coronavírus. Apenas para citar alguns exemplos, no Felício Rocho, estão sendo conduzidas análises sobre a ação da baricitinibe, um medicamento usado para tratar artrite reumática; na UFMG, avalia-se o desempenho da angiotensina (1-7), normalmente indicada para a hipertensão, bem como os efeitos de brequinar, de acetado de abiraterona, do extrato de Hedera helix e da neomicina.
O que se espera é que, vencido o mais grave teste da saúde da história, a capacidade dos pesquisadores e o investimento na ciência não voltem a ser deixados de lado pelo país.