No ano passado, 55.756 acidentes nas estradas brasileiras deixaram pelo menos uma pessoa ferida, e as mortes chegaram a 5.332. A negligência e a imprudência ainda são as maiores causas da letalidade no trânsito, mas isso não exime a responsabilidade do cuidado com fatores essenciais para a segurança, como a sinalização.
Em um relatório divulgado ontem, a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) aponta que 57,5% das placas, indicações e faixas nas vias são avaliadas positivamente – um crescimento de 17,8 pontos percentuais em sete anos –, mas, apesar disso, o investimento na área tem caído.
O BR Legal, programa nacional de segurança e sinalização rodoviária, que já chegou a receber mais de R$ 626 milhões em investimentos há quatro anos, contou com apenas R$ 282,3 milhões em 2019 – o equivalente a 7,6% dos investimentos em manutenção das estradas no país.
Ter placas e faixas em boas condições e visíveis não é uma tecnicalidade. Em pistas nas quais a sinalização apresentava boa ou ótima qualidade no ano passado, foram registrados entre cinco e seis acidentes a cada 100 km de estradas. Nos locais em que os equipamentos estavam em condições ruins, o número de colisões dobrou. E, quando a situação era considerada “péssima”, houve 41,6 acidentes a cada 100 km.
Segundo o relatório da CNT, os atrasos na execução do programa adiaram a conclusão de contratos de serviços para 2021. Assim, mais de 55% dos dispositivos de segurança deixaram de ser instalados nas rodovias no ano passado.
Em vários casos informados pelo Tribunal de Contas da União, nem sequer a contratação de empresas foi efetuada. Com mais de 100 milhões de passageiros e de 75% das mercadorias transportadas pelas estradas, negligenciar esse investimento é ignorar um claro sinal de perigo.