Trabalho em suspenso

Cerca de 10,3 milhões de brasileiros foram jogados em um limbo pela pandemia. Eles não estão desempregados, como 13,1% da mão de obra nacional, mas, apesar de manterem o vínculo formal, não estão trabalhando nem nas empresas, nem em home office. E, nesse limbo, eles aguardam um futuro que permanecerá incerto mesmo depois da flexibilização do isolamento.

Na semana passada, a Pesquisa Pulso Empresa, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que, de 1,3 milhão de negócios fechados durante a pandemia, 716 mil não reabrirão as portas, e as demais precisam enfrentar o desafio de se ajustar a uma nova e desconhecida realidade.

É preciso dinheiro para honrar compromissos com fornecedores, empregados, água, luz e impostos. Mas é ainda mais necessário recurso para investir na transformação do negócio, adequando-o às novas demandas de compras e pagamentos digitais, logística para serviços de delivery e adaptação de mobiliário e rotinas para as atividades presenciais mais seguras contra a disseminação do vírus.

Essas são ações essenciais para um público consumidor amedrontado. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria, quatro em cada dez brasileiros ainda são contra a abertura do comércio de rua, e sete em cada dez resistem à volta ao funcionamento dos shoppings. Esses dados demonstram que não basta abrir as portas das lojas para que a economia se recupere.

A perspectiva de injeção de mais R$ 6 bilhões pelo governo na linha de crédito do Pronampe, para micro e pequenas empresas, é um bom sinal. Agora, é de suma importância que esses recursos cheguem ao seu destino. Disso depende o destino não só de 10,3 milhões de pessoas involuntariamente no limbo, mas de todo o país.