Toneladas de alimentos e medicamentos estão depositadas em áreas fronteiriças do Brasil e Colômbia e também no Curaçao para serem entregues à população da Venezuela, numa estratégia da oposição para indispor o regime de Nicolás Maduro com seu povo.
Hoje, seria o dia em que essa ajuda humanitária cruzaria as fronteiras, se Maduro o permitisse. No entanto, ele mandou fechar as fronteiras e a repressão já tinha provocado, ontem, duas mortes de indígenas, um dos segmentos da população mais sacrificados.
Seja qual for o desenlace da operação, o governo de Maduro sairá desgastado. O presidente considera a ajuda uma intervenção de outros países na Venezuela, violando a soberania nacional, crítica que é seguida também pelos governos da Rússia e da China.
Líder da oposição, o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino, tem o apoio dos Estados Unidos e de outros 50 países, inclusive o Brasil. Com voluntários, ele está na fronteira com a Colômbia para receber a ajuda.
Maduro, no entanto, tem o controle do país, graças ao apoio que recebe dos militares. Estes, até agora, fazem o poder pender para o seu lado, sustentando o regime que, não fosse essa circunstância, já teria caído. Há tempos que a Venezuela está se desfazendo.
Três milhões de venezuelanos já deixaram o país por causa das extremas dificuldades econômicas e sociais, provocadas pela divisão política estabelecida pelo chavismo. Não obstante, a democracia resiste, apesar de todos os ataques que vem sofrendo do regime.
Hoje, o símbolo dessa resistência é o Parlamento, que Maduro se obstina em anular, depois de subjugar o Judiciário. Uma mudança só parece possível se os militares exercerem seu papel de poder moderador, determinando que se realizem novas eleições.
A democracia só existe quando há equilíbrio de Poderes. Sem Legislativo, é a ditadura.