Reporto-me à matéria da coluna de 13.11.2017 com o mesmo título desta, mais o número II, a fim de esclarecer algumas dúvidas surgidas no espaço dos comentários sobre ela, no portal de O TEMPO, espaço esse que está se fechando, nesta semana, com cerca de 430 comentários.
Vamos esclarecer, principalmente, a questão relacionada com o fato de que, realmente, os espíritos não regridem jamais, questão essa bem explicada por Kardec. E dissemos que ela é abordada, principalmente, em dois livros da codificação espírita: “O Livro dos Espíritos” e “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. Mencionei esses dois livros, porque, como tradutor deles foi particularmente neles que tive mais oportunidade de me aprofundar nesse assunto e no de que os espíritos foram criados simples e ignorantes. Mas, na verdade, essas questões são tratadas com mais detalhes por Kardec, em “O Céu e o Inferno”.
Um dos comentários de um evangélico sobre aquela coluna afirma que a doutrina espírita é contraditória, porque ela ensina que os espíritos não regridem, e que, no entanto, eu digo o contrário. É que eu disse que tudo que Deus cria é bom, e que, portanto, jamais poderia ser Ele o criador dos espíritos maus, o que quer dizer que eles se tornaram maus por eles mesmos.
Pois bem, os espíritos foram criados simples e ignorantes, ou num estado equivalente ao de inocência ou neutralidade, não sendo, pois, no princípio, nem maus nem bons. Mas Deus lhes dotou de dois atributos: o da razão e o do livre-arbítrio, e colocou na frente deles, de acordo com a figura da árvore do bem e do mal, dois caminhos para eles seguirem, de acordo com seu livre-arbítrio, o caminho do bem e o do mal. E, ao iniciarem essa sua caminhada, como se diz, a partir do zero quilômetro, uns espíritos seguiram o do bem e outros, o do mal. É antes, pois, de iniciarem sua caminhada, que eles eram como dissemos simples e ignorantes ou inocentes e neutros, e não quando não eram, portanto, nem bons nem maus. Então, não se confunda esse estado de simplicidade, ignorância ou inocência e neutralidade dos espíritos, no início de sua criação, com o fato errado de que eles seriam bons e que de bons se tornaram maus, como o entendeu o comentarista evangélico. Outro detalhe, ele confunde mensageiro, que é o significado de anjo, com espírito apenas bom, quando ele pode ser também mau, daí os chamados anjos maus ou mensageiros maus, que repetimos, tornaram-se maus por eles mesmos, procedentes, que eram de seu estado simples, ignorante ou de inocência e neutralidade com o estado de bons. Os espíritos tornaram-se bons ou maus por optarem por seguir um dos caminhos citados do bem ou do mal. O maior dos mestres lembrou: “O diabo é mentiroso desde o início” (Diabo é símbolo do mal e, pois, também, dum espírito mau, ou seja, ainda impuro). O espírito ainda nem bom nem mau tomou, depois que se manifestaram nele os atributos da razão e do livre-arbítrio, o caminho do bem ou do mal, tornando-se, pois, bom ou mau por ele mesmo.
Ainda, o comentarista evangélico, numa coluna anterior, faz a afirmação totalmente errada de que eu disse que o diabo (“diabolos” – adversário) anima o corpo do homem, apesar de eu ter deixado claro que diabo não é espírito, mas apenas símbolo do mal ou do espírito impuro, estando, pois, tal comentarista confundindo símbolo com o simbolizado ou a estátua do herói com o herói!
PS: “Presença Espírita na Bíblia”, com este colunista, na TV Mundo Maior.