A hermenêutica nos ensina interpretar os textos antigos, entre eles, os da Bíblia. Segundo ela, para a interpretação correta deles, uma das regras mais importantes é que se deve conservar o significado das palavras na época em que um texto foi escrito.

E é com o diabo que os teólogos fizeram uma confusão dos diabos. Em grego, a língua em que foi escrito o Novo Testamento, “diabolos” significa símbolo do mal, da divisão, sendo, pois, o contrário da síntese que reúne, resume, sintetiza. Na filosofia, a síntese é quase um sinônimo de um substantivo coletivo, o que une, enquanto que a análise é quase um sinônimo do diabo, pois é aquilo que separa, desune. Mas o símbolo não deve ser confundido com o simbolizado por ele. Uma imagem ou estátua, que simboliza uma pessoa ou uma coisa, não é a pessoa ou coisa representada pelo seu símbolo.

Satanás tem significado semelhante ao do diabo. Porém eles não são espíritos, mas símbolos do mal que não podem ser confundidos com o simbolizado por eles.

E “lúcifer”, palavra derivada do substantivo latino “lucis” (luz) e do verbo, também latino “ferre” (transportar), quer dizer porta-luz, que é uma alegoria da inteligência e não um espírito. Quando se diz que Paris é a cidade luz, isso quer dizer que ela é a cidade da inteligência e da cultura e não cheia de lâmpadas.

Assim, também, “lúcifer” (porta-luz) não é bem um espírito mau (atrasado) que chefiou uma rebelião de espíritos angélicos, mas uma alegoria da inteligência de um espírito (angélico), o que quer dizer que Lúcifer é a inteligência de um espírito, a qual é responsável pela direção da rebelião de um grupo de espíritos angélicos. E esses espíritos rebeldes segundo são Pedro (2 Pedro 2: 4) foram precipitados para baixo, para os infernos (o mundo dos desencarnados comuns), para outras reencarnações, a fim de que consigam a chance de nova regeneração, pois a misericórdia de Deus, por ser infinita, não cessa jamais.

Quanto aos demônios, na língua grega em que foi escrito o Novo Testamento, eles são os “daimones” (no singular “daimon”), eles significam as almas ou os espíritos humanos, podem ser maus (atrasados), mas podem ser também bons ou até espíritos santos que são canonizados pela Igreja, e que outras religiões denominam de iniciados. E esse significado é o mesmo também em outras obras gregas escritas nas épocas em que a Bíblia foi escrita. E é verdade que Jesus e os apóstolos só tiravam demônios maus das pessoas, mas isso foi porque somente demônios maus é que atormentam as pessoas e não porque todos eles são maus, como passaram a entender erradamente os teólogos que impuseram essa falsa crença ao povo cristão, embora isso tenha acontecido também porque eles queriam abafar a prática dos pneumatólogos (médiuns), que recebiam espíritos, e quando os padres passaram a ensinar que somente eles, os bispos e o papa recebiam o recém-criado por eles Espírito Santo (Terceira Pessoa da Santíssima Trindade), que foi declarado como sendo igualmente Deus, o que é um dos dogmas mais polêmicos.

Cremos que os assuntos dessa matéria tenham ficado bem claros, principalmente o que trata do verdadeiro significado bíblico do demônio!

PS: Com o tema “Perdão: Caminho pra a reconciliação e recomeço”, realizar-se-á em BH, na Universidade FUMEC, em 27, 28 e 29 de outubro de 2017, o ‘8º Humanizar’, para a humanização do movimento espírita, sob a administração do médium psicógrafo Wanderley Oliveira. www.humanizar.com.br