Após o sucesso estrondoso de Vingadores: Ultimato (2019) — finalizando de maneira satisfatória a jornada das primeiras 3 fases do Universo Cinematográfico Marvel (UCM) — , o estúdio entrou em uma espiral de decisões que não deram certo, e que minaram sua reputação entre os fãs.

Ao tentar expandir ainda mais o universo e renovar sua equipe principal de heróis, as produções perderam o senso de conexão que tinham. Reinou um momento em que cada filme ou série apontava a história para um lado novo, cujas ramificações, em sua grande maioria, até hoje não foram exploradas.

A cada novo filme, o mais comum que se vê na mídia é a vontade de finalmente poder-se dizer “a Marvel está de volta!”. Porém, nesses últimos 5 anos — fases 4 e 5 —, poucos filmes atingiram esse patamar desejado.

 

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Dirigido por Jake Schreier, o novo longa chega aos cinemas vindo das sombras do confuso e sem sal Capitão América: Admirável Mundo Novo. E, se a recepção de um título dos mais importantes do estúdio foi baixa, as expectativas para uma produção protagonizada por coadjuvantes de filmes anteriores não eram nada altas.

Mas é justamente nesta baixa expectativa que o filme surpreende. A promessa aqui é simples, mas ousada: reunir essas figuras lado D do UCM em uma missão acidental, na qual que acabam tendo que desmascarar uma conspiração que coloca suas vidas em perigo —  e que tem o potencial de escalar até se tornar uma ameaça global.

Porém, o longa conta essa história de uma maneira que foge de apenas repetir a fórmula clássica do estúdio. Ele pega o que já conhecemos da Marvel — ação explosiva e coreografada, piadas rápidas, referências à cultura pop e uma ameaça em Nova York — e adiciona um ingrediente incomum: profundidade emocional.

Quem são os Thunderbolts*?

Bucky Barnes (Sebastian Stan), Yelena Belova (Florence Pugh), Guardião Vermelho (David Harbour), John Walker (Wyatt Russell), Fantasma (Hannah John-Kamen) e Treinadora (Olga Kurylenko) são personagens que foram apresentados em filmes e séries anteriores do MCU — sempre como coadjuvantes.

Todos eles têm em comum o fato de não serem “mocinhos”. Temos aqueles criados para serem assassinos, experimentos de laboratório e até ex-heróis renegados. Bucky até participou do confronto contra Thanos, mas seu passado é marcado por anos vivendo como o Soldado Invernal — agente do grupo nazista, Hydra.

E o roteiro — sabendo que nem todos estão inteirados com os conteúdos recentes do UCM —, explica tudo que é preciso saber sobre eles por meio dos diálogos. Pode até ser expositivo, mas serve de motivação para o drama e para o humor do filme.


Uma equipe disfuncional, mas com alma


O charme de Thunderbolts* está justamente nesses personagens, e na maneira como se encontram e resolvem confiar uns nos outros. Eles são unidos não por justiça ou heroísmo, mas sim por enxergarem os traumas uns dos outros.

O filme apresenta protagonistas marcados por depressão, abandono, culpa e a sensação de serem descartáveis no próprio universo em que existem. É uma abordagem mais densa do que o esperado, e que traz bons resultados. A conexão emocional é real — e é auxiliada pela trilha sonora bem escolhida e pelo visual de cores frias.

Destaque também para o personagem novo, Bob (Lewis Pullman), que entra na narrativa com muito carisma e naturalidade, complementando e conduzindo o tom introspectivo do enredo.

Bob (Lewis Pullman) é a nova adição ao UCM. Foto: Marvel Studios/Divulgação.

 

Toda essa discussão implica, ainda, em um terceiro ato que opta por uma resolução mais contida. Fugindo do clichê da batalha final épica e destrutiva entre superpoderosos, o conflito incorpora tudo que vinha sendo discutido até ali para realizar seu conflito final.

É uma decisão criativa que mostra coragem e dá frescor a uma fórmula que já parecia gasta. O resultado é muito mais significativo para os personagens do que apenas uma medição de poder.

Inspiração Inusitada


Diferente do que o público está acostumado a pensar, esse filme não é uma versão Marvel do Esquadrão Suicida, da rival DC. Existem elementos parecidos, mas são mais semelhantes aos de Guardiões da Galáxia. Mesmo assim, é uma comparação mais no conceito do que na execução.

O filme na verdade utiliza da presença de Valentina Allegra de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus) para discutir um elemento bem mais parecido com os dilemas corporativos e midiáticos vistos em The Boys (sátira de super-heróis da Prime Video).

Tudo funciona de uma maneira até mesmo metalinguística, com a discussão do que seria um super herói com a qual o público se identifica. O que culmina em uma resolução surpresa, bem significativa para o futuro do UCM. 

Quantas cenas pós-créditos tem Thunderbolts*? 

Thunderbolts* possui duas cenas pós-créditos. Elas seguem o mesmo princípio das demais produções da Marvel: a primeira logo após os créditos estilizados — pagando uma piada recorrente do filme — , e a segunda acontece ao final de tudo. Você vai querer ficar até o final.


A Marvel está de volta?

Complicado responder, mas sim. Se você anda desanimado com os rumos da Marvel, Thunderbolts* é o respiro que você precisa. Um filme que respeita seus personagens, busca conexão com o público e entrega uma experiência diferente, mesmo com elementos conhecidos.

Um filme que encerra a quinta fase do UCM com um direcionamento importante pro retorno dos grandes eventos, e que vale a pena correr pro cinema pra ver!

Próximos Filmes - Fase 6

  • Quarteto Fantástico: Primeiros Passos - 24 de julho de 2025
  • Vingadores: Doomsday - 30 de abril de 2026
  • Homem-Aranha: Um Novo Dia - 30 de julho de 2026
  • Vingadores: Guerras Secretas - 6 de maio de 2027


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