Asteroid City, filme de Wes Anderson lançado em 2023, é, antes de tudo, uma celebração do estilo inconfundível do diretor.

Quem acompanha a carreira de Anderson sabe exatamente o que esperar: enquadramentos simétricos, uma paleta de cores cuidadosamente planejada, personagens excêntricos e um elenco recheado de rostos familiares. 

Aqui, tudo isso está de volta, agora com um nível extra de complexidade narrativa.


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Uma história dentro de outra história… dentro de outra história

O ponto de partida é uma convenção de jovens cientistas numa cidade fictícia no meio do deserto americano. Mas o grande diferencial de Asteroid City está justamente na sua estrutura.

Não estamos apenas assistindo aos acontecimentos da convenção. Na verdade, o público acompanha um programa de TV, no formato de um documentário de ficção científica, que revela os bastidores da produção de uma peça de teatro… que, por sua vez, retrata esses mesmos eventos no deserto.

Sim, parece confuso (e é mesmo). Mas essa confusão é proposital e faz parte da experiência. Vale destacar que cada camada possui um signo visual próprio, baseado em cores e proporção de tela, para guiar o espectador na compreensão se está vendo uma cena dos bastidores ou a peça em si.

Enquanto a direção, o design de produção, o figurino e a cinematografia entregam o que os fãs já esperam, a narrativa pode ser um verdadeiro teste de paciência para quem não está acostumado, ou não tem tanta disposição, para mergulhar em tantas camadas de metalinguagem.

Encantamento visual x barreira emocional

Asteroid City é um convite visual irresistível, mas também uma barreira emocional. Em meio a tantas estruturas dentro de estruturas, personagens conscientes de que são personagens e diálogos que soam mais como ensaios do que conversas reais, criar vínculo com o que está na tela se torna um desafio.

O elenco, como de costume, é impecável. Wes Anderson mistura colaboradores frequentes com novas adições muito bem-vindas. Todos interpretam figuras excêntricas e deslocadas, que funcionam perfeitamente dentro daquele universo estético e narrativo tão particular.

Ainda assim, é importante destacar: este não é um filme que faz questão de ser acessível. Ele exige atenção, paciência e, sobretudo, disposição para aceitar que talvez o que você imaginava ser a história nem seja, de fato, o foco principal da experiência.

Mas, dando uma chance e se entregando à experiência, a trama consegue sim intrigar e divertir, encaixando momentos em que se conecta a essas figuras, sendo surpreendido pelos rumos que suas histórias vão tomando.

Vale a pena?

Se você é fã de Wes Anderson, a resposta é simples: sim, vale a pena dar uma chance. Asteroid City é mais um capítulo consistente na filmografia do diretor, reunindo todos os elementos que o tornaram um autor com assinatura tão única.

Por outro lado, se o estilo dele nunca te cativou, se você já se cansou, ou se busca uma experiência mais direta e emocional, com um fechamento claro, talvez esse não seja o filme ideal.

Onde assistir Asteroid City?

O longa já está disponível em streaming, podendo ser encontrado tanto no Disney+ quanto na Netflix, onde acabou de chegar.

 


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