Alguns filmes conseguem prender a atenção do público mesmo sem mostrar diretamente os eventos centrais da trama. Setembro 5, dirigido por Tim Fehlbaum, é um exemplo perfeito disso. 

O longa revive o atentado contra a delegação israelense nas Olimpíadas de Munique de 1972, mas escolhe um recorte inusitado: tudo é contado pelos olhos da equipe de jornalismo da emissora americana ABC, que acompanhou os desdobramentos em tempo real.

Com uma narrativa confinada aos estúdios, a tensão nasce da rotina dos jornalistas, que recebem as informações fragmentadas, tentam confirmar dados e decidem o que transmitir para o mundo. O resultado é um suspense que transforma o jornalismo em protagonista, mostrando o peso de cada decisão em meio a uma tragédia global.

O que aconteceu em 5 de setembro de 1972?

Na madrugada de 5 de setembro, integrantes do grupo terrorista Setembro Negro invadiram a Vila Olímpica em Munique e fizeram 11 atletas israelenses reféns. Dois deles foram mortos já durante a invasão. 

Ao longo do dia, o mundo acompanhou apreensivo as negociações entre os terroristas e as autoridades alemãs, que buscavam encerrar o impasse sem manchar a imagem do país, ainda em reconstrução após a Segunda Guerra.

O desfecho foi trágico. A operação de resgate no aeroporto de Fürstenfeldbruck falhou completamente. Todos os reféns foram mortos, junto com cinco terroristas e um policial alemão. 

O episódio entrou para a história não apenas pela brutalidade, mas também pela exposição das falhas de segurança e de planejamento das autoridades da Alemanha Ocidental, que priorizaram a aparência de neutralidade e o desejo de manter os Jogos a qualquer custo.


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Suspense construído nos bastidores

Ao optar por mostrar os acontecimentos apenas pelos olhos da equipe da ABC, Setembro 5 recria a sensação de insegurança e impotência que marcou aquele dia. O público reage junto com os jornalistas, recebendo as informações aos poucos, por telefone, rádio e transmissões ao vivo, sem nunca ter certeza do que realmente está acontecendo do lado de fora.

A narrativa explora ainda os dilemas éticos do jornalismo ao vivo, como o limite entre informar e explorar a tragédia, e o risco de que a própria cobertura interferisse na operação, já que os terroristas tinham acesso à televisão. O roteiro ágil e preciso, aliado a atuações sólidas, transforma cada decisão editorial em um momento de puro suspense.

Imersão histórica e bastidores do jornalismo

Outro ponto alto do filme é a reconstrução histórica. O clima dos anos 1970 é retratado com riqueza de detalhes, desde o figurino e os equipamentos até a reprodução de transmissões reais da época. Isso cria uma experiência imersiva que transporta o espectador para dentro da redação e para a cobertura das Olimpíadas de Munique.

A rotina dos jornalistas também ganha destaque, revelando como uma equipe acostumada a cobrir esportes precisou, de repente, lidar com uma crise geopolítica. A cada cena, fica claro o improviso e a pressão que dominaram aquela cobertura, com decisões rápidas, negociações tensas e a consciência de que qualquer erro poderia custar vidas.

Reconhecimento e impacto

Com sua combinação de rigor histórico e tensão dramática, Setembro 5 conquistou ampla aclamação da crítica. O longa recebeu indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original, foi lembrado no Critics Choice Awards nas categorias Roteiro Original e Edição, e concorreu ao Globo de Ouro como Melhor Filme Dramático. 

Na Alemanha, ainda se consagrou como o grande vencedor do Lola, principal prêmio do cinema nacional, com nove estatuetas das dez que foi indicado, incluindo a de Melhor Filme.

Vale a pena assistir?

Sim. Setembro 5 é um suspense de altíssimo nível, capaz de prender o espectador do início ao fim sem recorrer à ação direta. É uma experiência intensa para quem gosta de filmes baseados em fatos reais e que exploram os bastidores do jornalismo em situações extremas.

Onde assistir?

Setembro 5 acaba de chegar no catálogo da Prime Video, pronto para ser descoberto.


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