Capitão América: Admirável Mundo Novo tinha uma difícil missão de representar o futuro da Marvel. O filme, dirigido por Julius Onah, é o quarto da franquia do Capitão América, agora com Sam Wilson (Anthony Mackie) oficialmente assumindo o posto que foi de Steve Rogers (Chris Evans) durante as 3 primeiras fases do Universo Cinematográfico Marvel (UCM).

A trama se passa às vésperas de um acordo internacional para explorar a ilha celestial, originada dos eventos de Eternos (2021). Durante a reunião, Sam é convocado pelo recém-eleito Presidente Ross (Harrison Ford — substituindo o falecido William Hurt) para refundar os Vingadores. 

Porém, um ataque terrorista durante o evento coloca o mundo à beira de um conflito global. Cabe então ao novo Capitão América descobrir quem está por trás da conspiração e impedir uma nova guerra mundial, numa narrativa que flerta com o clima de espionagem e desconfiança de O Soldado Invernal (2014).

 

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O que funciona

Apesar das avaliações médias, que o filme recebeu em seu lançamento, Admirável Mundo Novo faz um bom trabalho para criar sua atmosfera de paranoia mundial, ao mesmo tempo que balanceia com elementos típicos da franquia. O filme tem:

Cenas de ação empolgantes e bem coreografadas;
Uma trilha sonora eficaz que ajuda a construir tensão;
E o humor característico do UCM, mas sem exageros;

Outro destaque fica para a dupla de protagonistas: Joaquin Torres (Danny Ramirez) é integrado de forma orgânica como o novo Falcão, enquanto Anthony Mackie continua sólido como Sam Wilson. 

Seu personagem encontra um estilo próprio para o herói, incorporando em sua trajetória as críticas e expectativas por não ser Steve Rogers, o que enriquece ainda mais seu desenvolvimento.

Além disso, é um alívio ver que, ao contrário de produções recentes, o filme passa a sensação de que o universo Marvel está, de fato, avançando, inclusive por costurar algumas pontas soltas apresentadas em filmes anteriores.

O clima é tenso entre o novo presidente americano e o novo Capitão América. Fonte: Marvel Studios/Divulgação.

 

Onde tropeça

Apesar dos pontos positivos, o filme infelizmente não escapa de ser um festival de problemas técnicos, ideias mal aproveitadas e decisões equivocadas de bastidores.

Os efeitos visuais oscilam bastante. Embora o Hulk Vermelho seja bem convincente, outras cenas ficam visivelmente abaixo do padrão esperado para um blockbuster. A iluminação mal posicionada e o uso excessivamente perceptível de chroma key acabam comprometendo a imersão. 

Enquanto isso, a maquiagem do vilão principal destoa completamente do restante da produção, lembrando mais o visual das séries do Arrowverse, da CW, do que o padrão esperado de um filme da Marvel. Esse aspecto compromete a credibilidade do personagem e dificulta que o espectador leve sua ameaça a sério.

Além disso, o roteiro é outro que não foge de falhas. Para uma trama que pretende ter escala global e tons de conspiração política, as soluções são rápidas demais. As reviravoltas surgem, mas são resolvidas quase instantaneamente, sem o peso dramático necessário. 

Tudo parece feito para avançar logo para a próxima cena, o que deixa o conflito principal esvaziado. A impressão é que o filme opta por um caminho mais seguro e genérico, em vez de aprofundar os temas que levanta.

Envolvendo todos esses pontos, temos o problema mais crítico: tudo que aconteceu nos bastidores. Anunciado ainda em 2021, o projeto enfrentou diversos obstáculos — das greves dos roteiristas e atores, passando por polêmicas ligadas à origem de uma nova personagem, até exibições-teste mal recebidas. 

O resultado foi uma série de reescritas e refilmagens que alteraram significativamente a trama e o desenvolvimento dos personagens. O lançamento, inicialmente previsto para 2024, acabou sendo adiado em quase um ano.

O resultado é facilmente percebido em cena. Um exemplo claro é o personagem Seth Voelker, vivido por Giancarlo Esposito. Embora o filme insista em sua relevância para a trama, suas aparições parecem desconectadas da narrativa principal (reflexo de sua inclusão tardia durante as refilmagens).

O processo conturbado gerou desconfiança entre o público e acendeu um alerta dentro da Disney. Em uma decisão rara para os padrões da empresa, o marketing acabou entregando a grande reviravolta do filme ainda no material promocional — um movimento que tirou força do impacto narrativo e esvaziou o peso do terceiro ato.

O personagem de Giancarlo Esposito está completamente deslocado da trama, inclusive suas cenas são quase todas isoladas dos demais membros do elenco. Fonte: Marvel Studios/Divulgação.

 

Vale a pena assistir?

Se você ainda gosta de acompanhar o universo Marvel nos cinemas, essa é uma entrada que vale a pena ser conferida. Capitão América: Admirável Mundo Novo não revoluciona a franquia, mas diverte. Sam Wilson conquista o escudo, e o filme cumpre o papel de reposicionar personagens e tramas para o que vem a seguir.

No entanto, se a ideia era resgatar o prestígio de tempos como o da trilogia do Capitão anterior, ainda falta ousadia e profundidade. O filme acaba de entrar para o catálogo da Disney+.

Capitão América: Admirável Mundo Novo tem cenas pós-créditos?

Sim, Admirável Mundo Novo possui apenas uma cena pós-créditos, e que faz referência ao próximo filme dos Vingadores.

Como se preparar antes de assistir?

Caso você queira estar à par dos eventos, antes de começar Capitão América: Admirável Mundo Novo, a melhor ordem (com suas devidas prioridades) é a seguinte:

  1. O Incrível Hulk (2008): Apresenta dois importantes coadjuvantes do Admirável Mundo Novo — Samuel Sterns (Tim Blake Nelson) e Thunderbolt Ross (William Hurt).
  2. Capitão América: O Soldado Invernal (2014): Introduz Sam Wilson como novo parceiro de Steve Rogers, e inicia uma sequência de eventos que serão importantes nos passos seguintes.
  3. Vingadores: A Era de Ultron (2015): Embora seja mais opcional, por não conter os personagens que estão em Admirável Mundo Novo, o plot do filme é importante para o próximo passo.
  4. Capitão América: Guerra Civil (2016): Trama é movida por Thunderbolt Ross e os eventos de A era de Ultron, e afeta o destino dos Vingadores. O filme ainda desenvolve um pouco mais o Falcão, enquanto introduz o vilão Zemo (Daniel Brühl), que retorna no futuro.
  5. Viúva Negra (2021): Embora totalmente opcional, há uma cena com Thunderbolt Ross que introduz um elemento que é visto no 4º Capitão América.
  6. Vingadores: Guerra Infinita (2018): Temos Sam como parte da resistência contra Thanos. Não é tão relevante assim para a história de Admirável, mas é essencial para todo o UCM.
  7. Vingadores Ultimato (2019): Mesma justificativa do filme anterior, e contando ainda com uma cena final que muda o destino de Sam Wilson no UCM.
  8. Falcão e Soldado Invernal (2021): Série essencial, protagonizada pelo Falcão, e que discute o dilema do mesmo em se tornar o novo Capitão América.
  9. Eternos (2021): Embora opcional, ajuda a entender a ilha que se torna ponto chave do roteiro.
  10. Invasão Secreta (2023): Série que é totalmente opcional, mas ajuda a entender o motivo dos Estados Unidos elegerem um novo presidente, no UCM.

Salvo pelo ponto 1, que não está disponível nos serviços de streaming, todos os demais podem ser conferidos na Disney+. 

 

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