Dirigido por Joseph Kosinski (Top Gun: Maverick, 2022) e com produção e consultoria de Lewis Hamilton, F1 – O Filme é, acima de tudo, um clássico drama esportivo. A narrativa aposta na liberdade criativa para funcionar tanto como carta de amor à categoria quanto como história de recomeço, conexão e superação.

Um veterano em busca de redenção

A trama acompanha Sonny Hayes (Brad Pitt), ex-piloto de F1 que vive como freelancer, correndo em diversas categorias pelos EUA. Ele é recrutado por seu antigo colega Ruben Cervantes (Javier Bardem), dono da fictícia equipe APXGP, que está à beira da falência. A missão: usar sua experiência para tentar salvar uma temporada desastrosa.

O conflito se desenvolve com o choque entre personalidades e gerações. Sonny é talentoso, mas teimoso e controlador, o que gera atritos com seu novo companheiro de equipe, a promessa Joshua Pearce (Damson Idris), e com a diretora técnica Kate McKenna (Kerry Condon), por divergências sobre postura midiática e desempenho do carro, respectivamente.

Ao mesmo tempo, ele precisa encarar os traumas que o afastaram da modalidade décadas atrás e aprender, de fato, a trabalhar em equipe.

 

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Conflitos, atuações e construção de personagens

O roteiro acerta ao definir bem os papéis dos personagens, dando espaço para o desenvolvimento das relações e criando empatia com o público, enquanto as atuações ajudam a sustentar os dilemas emocionais que surgem no paddock.

No entanto, o filme falha em estabelecer com clareza a mensagem que deseja passar. As atitudes fora do padrão de Sonny muitas vezes não são questionadas, o que pode gerar ambiguidade sobre o que o filme realmente valoriza.

F1 - O Filme garante a imersão com cenas de tirar o fôlego. Foto: Apple Originals/ WDB Pictures.

 

Realismo questionável, mas com charme

Para quem acompanha Fórmula 1, algumas liberdades criativas podem incomodar. A ideia de um piloto se juntar a uma equipe no meio da temporada, agir fora das regras e ignorar avanços tecnológicos em nome de uma pilotagem "raiz" soa fantasiosa demais.

Num esporte tão rígido e rigoroso quanto às suas regras e punições, muitas estratégias de Sonny não funcionariam na vida real (embora cumpram o papel na trama e gerem a emoção desejada).

Técnica e imersão nas pistas

E é na parte técnica que o filme brilha. A parceria entre Kosinski e o diretor de fotografia Claudio Miranda resulta em cenas vibrantes, com um real senso de velocidade e tensão, graças ao uso de câmeras acopladas aos carros.

A combinação de som, efeitos visuais e direção é totalmente envolvente, chegando a tirar o fôlego, e deixando impossível de não imergir no que está em cena (e olha que a sala que assisti contou com problemas técnicos que competiram pela atenção).

A ambientação também é grande um acerto: marcas, equipes, pilotos, repórteres, pistas e até cenas reais da temporada 2023 estão presentes, tornando a experiência ainda mais autêntica.

Brad Pitt e Damson Idris contracenaram ao lado dos pilotos reais em F1 - O Filme. Foto: Apple Originals/ WDB Pictures.

 

Edição eficiente, fórmula batida

Com quase 2h40 de duração, o filme mantém um ritmo dinâmico ao equilibrar bem drama e ação. O problema é a repetição de um mesmo recurso narrativo para mover a trama, o que passa uma sensação de falta de criatividade. Ainda mais em um filme que já bebe bastante da fórmula consagrada de outros títulos do gênero esportivo.

Essa estrutura, no entanto, pode ser uma boa porta de entrada para quem ainda não conhece o universo da Fórmula 1. O filme também recorre a narrações e diálogos expositivos que explicam aspectos mais técnicos do esporte (o que também não dá para negar que pode soar cansativo para os fãs mais experientes, mesmo que ajude o público geral a se situar).

Vale a pena?

Se você curte Fórmula 1, gosta de histórias de superação ou quer sentir a adrenalina das pistas em alta velocidade, F1 – O Filme entrega uma ótima experiência. Não reinventa a roda, mas capricha na execução. Então corre lá pro cinema!

 

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