Redes especializadas em calçados femininos, como Usaflex e Piccadilly, têm fortalecido suas operações no franchising com estratégias voltadas à diversificação de formatos, expansão regional e adaptação ao perfil de consumo das mulheres brasileiras. A estrutura dessas redes, mais do que oferecer produtos, exige planejamento cuidadoso para definição do ponto, da grade de produtos e da atuação do franqueado.
Na Usaflex, a operação de franquias foi implantada em 2016 e, hoje, responde por cerca de 45% do faturamento da empresa. “O canal de franquias é um dos pilares estratégicos da nossa operação. Escalamos nossa presença nacional sem abrir mão do padrão de qualidade que diferencia a marca”, afirma Elbio Armiliato, diretor de franquias. A marca soma 350 unidades e pretende encerrar 2025 com 375 lojas.
Expansão por meio do franchising
A rede opera com seis formatos de franquia: loja tradicional, loja premium, loja light, outlet, quiosque e container. Os modelos foram desenhados para atender diferentes perfis de investimento e adaptar-se à realidade de consumo de cada região. “Os seis formatos disponíveis foram desenvolvidos para atender distintos perfis de investimento e potencial de vendas, respeitando as características de cada região”, explica Elbio.
A escolha da grade de produtos é parte central do modelo. Embora a franqueadora ofereça suporte e padronizações, a adequação ao público local é determinante para o desempenho da loja. Durante eventos voltados ao setor, a Usaflex disponibiliza consultores para explicar os critérios de montagem de grade e os perfis de praça com maior potencial.
A marca busca franqueados com envolvimento direto na operação. “Buscamos pessoas que enxerguem na franquia uma oportunidade de realização pessoal e profissional. Nosso modelo foi desenhado para quem quer empreender com segurança, mas também com protagonismo”, diz Elbio. Segundo ele, o franqueado ideal deve ter “capacidade financeira, perfil de liderança, habilidades de gestão e disposição para seguir o modelo da franqueadora”.
Nova Piccadilly quer atrair ainda mais franqueados
Já a Piccadilly, em processo de reformulação, redesenhou seu modelo de franquia para tornar a rede mais atrativa a novos públicos. “A ideia é descer um degrau, mas mantendo a identidade da marca”, afirma Camila Trindade, gerente nacional de franquias. Tradicionalmente voltada ao público feminino acima dos 50 anos, a marca agora quer ampliar seu alcance a outras faixas etárias, sem abandonar o foco em conforto.
A mudança inclui uma nova estratégia de marketing, atualização do design das lojas e reposicionamento de produto. “A marca segue com foco em conforto, mas agora inclui coleções com mais apelo de moda”, afirma Camila. Uma das iniciativas foi o lançamento de colaborações licenciadas, como a coleção com os Smurfs. “Isso fortalece a atuação da Piccadilly fora do Brasil”, acrescenta.
A internacionalização da produção é parte relevante da operação. “Hoje, 38% da produção é exportada”, informa Camila. A linha Marshmallow, feita em EVA, tem sido um dos destaques internacionais, com boa aceitação na Europa. No Brasil, a empresa trabalha com um plano de mídia de longo prazo. “A campanha atual tem como rosto a cantora Karol Conká e inclui parcerias com influenciadoras regionais em diversas partes do país”, explica.
Shoppings oferecem espaço para crescimento
A escolha da praça para instalação da franquia também é estratégica. “A ideia da franquia é trazer o peso da marca que já existe no mundo todo, mas colocar isso nos principais shoppings como marca de destaque”, diz Camila. A projeção da rede é alcançar mais de 200 unidades nos próximos anos, com foco em centros comerciais e regiões de alta visibilidade.
Com mais de 21 mil pontos de venda multimarcas no Brasil, a Piccadilly aposta na expansão da rede própria como forma de reforçar sua identidade visual e consolidar presença no mercado. O novo modelo de loja inclui comunicação omnichannel e integração com as plataformas digitais da marca.
A operação de uma franquia de calçados femininos exige atenção a fatores específicos do setor, como a montagem da grade de produtos, o comportamento de compra por faixa etária e a adaptação da loja ao perfil regional. Embora as franqueadoras forneçam diretrizes claras sobre sortimento e posicionamento, a performance da unidade depende de decisões bem informadas sobre estoque, exposição e gestão diária. “Os seis formatos disponíveis foram desenvolvidos para atender distintos perfis de investimento e potencial de vendas, respeitando as características de cada região”, afirmou Elbio Armiliato, da Usaflex.