Gabriel Molnar e Rodrigo Campelo
O varejo brasileiro ganhou mais espaço entre as gigantes. O relatório Global Powers of Retailing 2025, da Deloitte, listou pela primeira vez cinco companhias brasileiras entre as 250 maiores do mundo, todas com desempenho medido até junho de 2024.
A Sendas Distribuidora (Assaí) ocupa a 92ª posição, com receita de US$ 13,7 bilhões, à frente das demais brasileiras. Magazine Luiza aparece no 156º lugar, seguida por Raia Drogasil (169ª), Casas Bahia (205ª) e Natura &Co (214ª). Assaí e Magalu entraram também na lista das 20 varejistas de crescimento mais acelerado do ranking. Já a Natura caiu 40 colocações em relação ao ano anterior, reflexo da reestruturação em curso.
Varejo brasileiro cresce e conquista espaço global
O levantamento destaca que as brasileiras têm se movimentado em sintonia com o que ocorre no cenário internacional, em que eficiência operacional, digitalização e sustentabilidade concentram os principais esforços do setor.
Na América Latina, o Brasil é o destaque. Entre as cinco maiores receitas da região, o Assaí responde sozinho por 9,7%. Embora a América Latina represente apenas 2,3% do faturamento global das Top 250, foi a segunda região com maior taxa de crescimento médio nos últimos cinco anos, atrás apenas da Ásia-Pacífico.
Estados Unidos, União Europeia e China dominam ranking
O relatório da Deloitte mostra ainda que o varejo mundial fechou o ano fiscal com receita agregada de US$ 6,03 trilhões entre as 250 maiores empresas. Segundo a pesquisa, a maioria das companhias conseguiu ampliar tanto vendas quanto margens de lucro líquido.
O ranking segue dominado por varejistas norte-americanas: sete das dez primeiras posições pertencem a empresas dos Estados Unidos, com destaque para Walmart, que manteve a liderança isolada com US$ 648,1 bilhões em receita. Amazon, Costco e The Home Depot também figuram entre os cinco primeiros. A presença europeia é puxada por grupos alemães como Schwarz (Lidl e Kaufland) e Aldi, enquanto a China marca território com JD.com na oitava posição.
Tendências no varejo global
Em termos de produtos, o relatório indica que os bens de consumo essenciais responderam por 65,5% da receita das Top 250. Já os segmentos de vestuário e de bens duráveis enfrentaram retração, afetados por mudanças no padrão de consumo. O estudo aponta ainda para a ascensão do varejo de desconto, que ganhou espaço em várias regiões como resposta à cautela dos consumidores.
América do Norte e Europa concentram mais de 80% da receita global, mas a Deloitte ressalta o peso crescente da Ásia-Pacífico, impulsionada pelo consumo de uma classe média jovem e pelo interesse por marcas globais.
Entre as tendências para o futuro, o relatório destaca quatro vetores: eficiência operacional, com automação e inteligência artificial na gestão; transformação digital, voltada à personalização e integração de canais; sustentabilidade, incluindo práticas de economia circular; e a busca por novas fontes de receita, como marketplaces, serviços e modelos híbridos de venda.
O varejo brasileiro vai bem?
O comércio brasileiro mostrou fôlego em julho, mas os números ainda não afastam o sinal de desaceleração. De acordo com o Índice do Varejo Stone (IVS), as vendas avançaram 2,4% em relação a junho. Na comparação com julho do ano passado, no entanto, houve queda de 1,1%.
O desempenho no mês foi puxado principalmente pelo setor de materiais de construção, que cresceu 3,8%. Também registraram avanço artigos de uso pessoal e doméstico (1,2%), produtos farmacêuticos (1,1%), combustíveis e lubrificantes (0,8%) e vestuário (0,7%). Por outro lado, o indicador apontou retração em livros, jornais e papelaria (-3,6%), além de uma leve queda em móveis e eletrodomésticos (-0,2%). O setor de hiper e supermercados permaneceu estável.
Na análise regional, apenas nove estados tiveram crescimento nas vendas em relação ao ano anterior. O Acre liderou, com alta de 6,5%, seguido por Tocantins (6,4%) e Mato Grosso (4,3%). O estudo mostra que a região Norte concentrou os melhores resultados, enquanto Sul e Nordeste registraram perdas mais disseminadas.
O recorte entre canais também reforça mudanças no comportamento do consumo. O comércio físico cresceu 0,7% em julho, mas o varejo digital recuou 6,8%. No acumulado de 12 meses, o contraste é ainda maior: queda de 18% nas vendas online, contra recuo de 1,1% nas presenciais.