A prefeita de Uberaba, Elisa Araújo (PSD), vai aproveitar seu tempo de fala no evento que marca o início das operações da concessionária Way-262 no trecho da BR-262, entre Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, e Uberaba, no Triângulo Mineiro, para reforçar a necessidade de mais duplicações na rodovia. Ela entregará um ofício à empresa nesta quinta-feira (20 de março) solicitando um novo estudo técnico sobre o fluxo de veículos, para embasar o pedido de ampliação além dos 44,3 quilômetros previstos – cerca de 10% dos 438,9 km totais do trecho. A reportagem de O TEMPO teve acesso exclusivo ao conteúdo do discurso. 

A prefeita também preside a Associação dos Municípios da Microrregião do Vale do Rio Grande (Amvale), na qual fazem parte cidades atravessadas pela rodovia. A duplicação é um pleito antigo da entidade, que chegou a acionar a Justiça no ano passado para suspender a concessão da BR-262, alegando irregularidades no estudo em que se definiu os trechos a receberem uma segunda faixa. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) alega que não foi identificado volume de tráfego para a obra, enquanto liderança regionais argumentam que o estudo foi realizado no período da pandemia de Covid-19, quando havia restrições de circulação. 

Pelo cronograma da nova concessionária, haverá duplicação da estrada somente entre Nova Serrana e Bom Despacho, unindo à duplicação já existente entre Betim e Nova Serrana. Um dos trechos considerados prioritários, mas sem previsão de duplicação, é o que liga Uberaba a Araxá. O evento contará com a presença de autoridades como o vice-governador Mateus Simões (Novo) e o ministro dos Transportes, Renan Filho.

A cerimônia está marcada para começar às 10h30, no Km 797 da BR-262, em Uberaba.

A matéria foi atualizada com o posicionamento da ANTT, solicitado pela reportagem:

"A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) esclarece que os estudos de viabilidade para a concessão da BR-262/MG, entre Betim e Uberaba, indicaram que não é necessário duplicar completamente a rodovia. A análise propôs a duplicação de 44,3 quilômetros da rodovia entre o Km 446,500 e o Km 490,800. Adicionalmente, foram indicados 168,8 quilômetros de faixas adicionais e 3,63 quilômetros de vias marginais como soluções mais econômicas e eficazes para melhorar o tráfego na região.

Para a realização dos estudos de tráfego, foram feitas contagens em 2021, durante o período da pandemia de COVID19. Porém, por acreditar que o tráfego contado se distanciou do tráfego de um ano típico da rodovia, decidiu-se aproximar os dados obtidos em campo, dos dados de um ano típico de concessão da rodovia, sendo 2019 o ano escolhido. Para tanto, utilizou-se fatores de correção por mês, de acordo com os dados de tráfego, nas praças de pedágio da região em 2019.

A ANTT acrescenta que a inclusão de obras de duplicação aumenta significativamente o custo de uma concessão, resultando em aumento considerável das tarifas. Esse cenário contradiz as expectativas da sociedade por tarifas mais acessíveis. Além disso, a Política de Outorgas de Rodovias prioriza a oferta da menor tarifa ao usuário. Portanto, essa alteração contratual não seria coerente com a análise técnica nem com as diretrizes ministeriais".