O velório do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, que ocorreu na sede da prefeitura durante a tarde dessa quinta-feira (28 de março), ficou lotado de figuras políticas conhecidas em Minas Gerais e no Brasil. Alguns nomes que tiveram contato direto com o prefeito durante seus anos à frente da PBH, entretanto, não estiveram no meio da multidão. Entre eles, especialmente, seus adversários na corrida pela prefeitura municipal nas eleições do ano passado. Dos candidatos, apenas dois compareceram à cerimônia de despedida de Fuad: o deputado federal Rogério Correia, do PT, e o deputado estadual Mauro Tramonte, do Republicanos. A vice na chapa de Correia em 2024, deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL), também esteve presente.
Todos os ex-candidatos se pronunciaram pelas redes sociais, na quarta-feira (26 de março), após o anúncio da morte de Fuad, e prestaram condolências à família. O deputado estadual Bruno Engler (PL), que concorreu o segundo turno, disse lamentar profundamente a morte de Fuad, e que apesar de serem adversários políticos, não eram inimigos. O parlamentar não compareceu ao velório e não respondeu o questionamento da reportagem sobre sua ausência. O presidente estadual do PL, deputado federal Domingo Sávio, permaneceu até o fim do funeral, e toda a bancada do partido na Câmara Municipal prestou, presencialmente, sua última homenagem ao prefeito.
Quem também não foi visto no saguão principal da prefeitura na tarde de quinta-feira foi o ex-presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo (MDB). Enquanto estava à frente do legislativo da cidade, Gabriel protagonizou diversos embates com o prefeito Fuad Noman, se consolidando como a principal figura de oposição ao chefe do executivo. Os dois, inclusive, chegaram a ficar oito meses sem se encontrar. No entanto, depois da reeleição do prefeito, a relação foi amenizada, e Gabriel chegou a auxiliar a prefeitura, pautando em tempo recorde alguns projetos de lei de interesse do Fuad. Nas redes sociais, Gabriel lamentou a morte do prefeito e relembrou seu último encontro com ele: “tivemos um diálogo sereno e desculpamo-nos pelas nossas falhas”.
A deputada federal Duda Salabert (PDT), que durante a campanha pela PBH chegou a dizer que, caso eleita, poderia pedir a prisão de Fuad, também não compareceu ao velório. Apesar dos ataques, Duda apoiou a candidatura de Fuad no segundo turno, que ele disputou com Bruno Engler. Na época, ela argumentou que apoiaria alguém que “não relativiza a democracia, nem a ciência e tem mais consonância com nosso projeto de Belo Horizonte”. Nas redes sociais, no dia que Fuad morreu, Duda prestou solidariedade à família do prefeito e disse estar de luto: “Fuad lutou o quanto pode pela sua saúde, sem desistir do trabalho na Prefeitura, reforçando assim também sua vocação para a vida pública”.
O senador Carlos Viana (Podemos) também não compareceu ao velório. A reportagem questionou a sua assessoria, que afirmou que por recomendações médicas, o senador “precisa se afastar de aglomerações”. Nas redes sociais, Viana mostrou que estava no Sul de Minas para participar de uma agenda com lideranças locais. No dia da morte de Fuad, o senador disse que recebeu com pesar a notícia e homenageou o adversário: “dedicou uma vida à administração pública, contribuindo com competência e responsabilidade para o desenvolvimento do país”.
Outra ausência notada durante o velório foi a do secretário de Estado de Governo, Marcelo Aro (PP). Pouco depois de assumir a prefeitura de Belo Horizonte, em 2022, após a renúncia de Alexandre Kalil, Fuad enfrentou problemas de diálogo com a Câmara Municipal. Esse impasse foi resolvido após um acordo com Aro, que controlava uma parte significativa dos parlamentares municipais, grupo conhecido como “Família Aro”. O acordo foi rompido pouco antes das eleições municipais de 2024, quando Aro e seus vereadores apoiaram outros candidatos à PBH.
Por meio de nota enviada à reportagem, Aro afirmou que não pôde comparecer ao velório porque já tinha marcado, com antecedência, a participação em uma agenda na Zona da Mata: “Tratava-se de uma série de eventos e palestras programados com grande antecedência, para os quais centenas de pessoas se inscreveram contando com minha participação”, justificou. Ele destacou, entretanto, que foi representado no velório pela mãe, a vereadora Professora Marli (PP). Seu pai, o deputado estadual Zé Guilherme (PP), também esteve presente. Nas redes, Aro disse estar “profundamente consternado com o falecimento do prefeito”.
Políticos mineiros e figuras nacionais compareceram ao velório
O velório do prefeito Fuad Noman contou com a presença de quase todos os vereadores da cidade, além de deputados federais e estaduais de Minas Gerais e secretários municipais. Representando o governo federal, a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo (PT), acompanhou o fechamento do caixão próxima à família do prefeito. O presidente Lula (PT), que está em uma agenda internacional na Ásia, enviou uma coroa de flores ao prefeito.
O líder da bancada do PT na Câmara Nacional, Reginaldo Lopes, também compareceu, assim como deputados estaduais do partido. Os presidentes nacional e estadual do PSD, partido que Fuad era filiado, Gilberto Kassab e Cássio Soares, participaram da maior parte da cerimônia.
Quem também marcou presença no velório do prefeito foram os ex-governadores de Minas Gerais, Antonio Anastasia e Aécio Neves (PSDB), que estava acompanhado da irmã, Andrea Neves. Fuad foi secretário e Estado de Aécio entre 2007 e 2010, atuando nas secretarias da Fazenda e de Obras. O governador Romeu Zema (Novo), participou apenas do início da cerimônia, durante um momento privado com a família e amigos mais próximos.
O ex-prefeito de Belo Horizonte, Patrus Ananias (PT), também prestou condolências à família pessoalmente, assim como a prefeita de Contagem, Marília Campos (PT). Entre os deputados federais, estiveram presentes o presidente estadual do PSDB, Paulo Abi-Ackel, além de Pedro Aihara (PRD) e Luís Tibé (Avante).