O presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Tadeu Leite (MDB), o Tadeuzinho, quer um consenso entre os deputados estaduais candidatos ao Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) antes de indicar os novos conselheiros. Com três vagas abertas, a corrida para o TCE-MG tem quase três candidaturas por cadeira, já que ao menos oito parlamentares estão atrás de votos.

A Constituição do Estado não impõe um prazo para as indicações. A primeira das três cadeiras está vaga há quase um ano, desde abril de 2024, quando o ex-conselheiro José Alves Viana foi aposentado compulsoriamente. A segunda, por sua vez, está aberta desde outubro de 2024, quando o ex-conselheiro Wanderley Ávila também entrou na compulsória. A terceira, de Mauri Torres, ficará vaga em abril. 

O TEMPO apurou que Tadeuzinho quer um consenso para evitar que a disputa chegue ao plenário da ALMG. Sem um acordo, restaria para os 76 deputados decidir, em votação nominal, ou seja, aberta, quem seria indicado para o TCE-MG. Para interlocutores do presidente, as eleições em plenário trariam desgastes tanto para os derrotados quanto para os demais parlamentares.

Alguns deputados já teriam ido até Tadeuzinho para manifestar a preocupação com eventuais fraturas de uma votação aberta. Caso vote em um candidato que seja eleito, um parlamentar passaria o restante da legislatura com outros cinco que preteriu na eleição. Segundo interlocutores do presidente, a situação inevitavelmente provocaria um mal-estar. 

Por praxe, a ALMG evita disputas abertas em plenário. No último mês de dezembro, na eleição da Mesa Diretora para o biênio 2025-2027, o então 1º secretário, Antonio Carlos Arantes (PL), abriu mão de tentar a reeleição após o correligionário Gustavo Santana (PL) alcançar o apoio da maioria da bancada do partido. Arantes, por exemplo, sequer inscreveu a candidatura.

Hoje, são considerados favoritos nos bastidores os deputados Thiago Cota (PDT), apadrinhado pelo líder do governo Romeu Zema (Novo), João Magalhães; Tito Torres (PSD), filho de Mauri e próximo a Tadeuzinho; e Ulysses Gomes (PT), líder do bloco de oposição a Zema e, assim como Tito, do círculo do presidente da ALMG.

A corrida para o TCE-MG ainda tem o ex-secretário de Governo de Zema Gustavo Valadares (Mobiliza) e o 2º secretário da ALMG, Alencar da Silveira Jr. (PDT), que já almejou a indicação em outras oportunidades. Correm por fora a deputada Ione Pinheiro (União Brasil), irmã do ex-presidente da ALMG Dinis Pinheiro (Republicanos), e os deputados Arnaldo Silva (União Brasil) e Sargento Rodrigues (PL).

Procurado, Tadeuzinho não atendeu às tentativas de contato da reportagem. Tão logo o presidente da ALMG se manifeste, o posicionamento será acrescentado. O espaço segue aberto.

Caso Tadeuzinho perceba que não haverá consenso, interlocutores do presidente da ALMG projetam que a disputa será levada ao plenário mesmo que haja fraturas. Entretanto, como a Constituição do Estado não exige um prazo para as indicações, a data-limite com a qual Tadeuzinho trabalha é tratada como uma incógnita até pelos próprios auxiliares.

No último dia 19, logo após a primeira sessão de votações em plenário de 2025, o presidente desconversou sobre quando fará a eleição. “Pergunta de R$ 1 milhão”, brincou Tadeuzinho, de forma breve, ao ser questionado em coletiva de imprensa. Dois meses antes, quando foi reeleito para a presidência, ele chegou a afirmar que ainda não era “o momento adequado” para o pleito.

A princípio, a ideia de Tadeuzinho seria esperar a aposentadoria compulsória de Mauri, prevista para 29 de abril, para iniciar o rito na ALMG. No entanto, em razão da ausência de um consenso entre os concorrentes, há quem defenda que as indicações sejam feitas às vésperas das eleições de 2026, quando os deputados já saberão se vão ser candidatos à reeleição.

Enquanto Tadeuzinho espera um consenso, a hipótese de que o presidente venha a se candidatar a uma das vagas já é tratada como uma possibilidade por interlocutores da ALMG. O TCE-MG é tratado como uma alternativa caso ele não viabilize uma candidatura a vice-governador, posto para o qual é especulado após o protagonismo na construção do Programa de Pleno Pagamento da Dívida dos Estados (Propag).

À reportagem, deputados defendem, de forma reservada, que Tadeuzinho segure uma das vagas e realize a eleição apenas para duas. O presidente da ALMG poderia se candidatar à cadeira caso não queira sair para a reeleição ou, então, poderia utilizá-la como uma moeda de troca em meio às articulações por uma candidatura a outro cargo em 2026.

O exemplo citado é o do ex-governador Aécio Neves (PSDB). Em busca de atrair o ex-presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) Clésio Andrade para ser o candidato a vice-governador em 2006, Aécio teria oferecido uma das vagas do TCE-MG cuja indicação era sua prerrogativa para a então esposa de Clésio, Adriene Andrade (1964-2018), empossada em 2006. 

Entretanto, Tadeuzinho tem dito a interlocutores que será candidato à reeleição como deputado estadual. Apesar de os ex-presidentes da ALMG Agostinho Patrus (sem partido) e Adalclever Lopes (PSD) terem se candidato a outros cargos após passarem pela presidência, Mauri Torres e Antônio Júlio, também ex-presidentes, se candidataram à reeleição.