O prefeito de Vespasiano, José Wilson (PSDB), afirmou que a instalação de pedágios nas rodovias do Vetor Norte da região metropolitana de Belo Horizonte penalizará principalmente os moradores de Vespasiano e São José da Lapa. Em entrevista ao programa Café com Política, o chefe do Executivo municipal declarou ser contrário ao modelo de concessão proposto pelo governo de Minas e disse que sua cidade acabará pagando obras que beneficiarão outros municípios.
Segundo José Wilson, o trecho da concessão favorece municípios com maior extensão viária, enquanto cidades como Vespasiano terão pouco retorno. “Hoje, se você vê bem quem vai ganhar com isso é Jaboticatubas, que tem a maior extensão viária. Para a gente, Vespasiano e São José da Lapa, a gente vai simplesmente pagar. Nosso benefício não é tanto quanto nos outros municípios”, criticou.
O prefeito também questionou a localização dos pontos de cobrança e sugeriu que os pedágios fossem instalados em áreas com gargalos estruturais mais evidentes. “Se colocasse o pedágio de Pedro Leopoldo a Sete Lagoas ou então de Lagoa Santa à Serra do Cipó, seria nos gargalos ali, onde mais tinha necessidade desse pedágio”, disse.
Apesar de dizer que evita usar o tema como bandeira política, José Wilson reforçou seu posicionamento. “Infelizmente hoje a gente vê muitas pessoas fazendo isso de palanque político. Não é a minha característica. Eu sou mais de chegar e trabalhar com a coisa mais séria, mas sou totalmente contra o pedágio.”
As declarações ocorrem em meio à revisão do edital de concessão do “Lote 8 – Vetor Norte”, anunciada pelo governador Romeu Zema (Novo) após críticas da população e de parlamentares. O projeto prevê a privatização de 124 km de rodovias, com a instalação de 13 pórticos de pedágio. Em resposta à pressão, o governador determinou que a Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra) aprofunde os estudos e promova ajustes, como a cobrança única para motoristas que trafeguem mais de uma vez por dia pelo mesmo trecho.
A concessão deve ser leiloada no primeiro semestre de 2025 e prevê investimentos de R$ 4,3 bilhões ao longo de 30 anos. A proposta tem sido criticada por parlamentares de diferentes partidos e motivou a criação de PECs contrárias à instalação de pedágios na Grande BH, além de audiências públicas com participação de lideranças políticas e representantes de municípios afetados.
Entrevista concedida à jornalista Letícia Fontes