No ato pró-anistia liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) neste domingo (6 de abril), manifestantes exibiram batons em camisetas, cartazes e outros materiais na avenida Paulista, em São Paulo. O gesto faz referência à cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, condenada a 14 anos de prisão por cinco crimes relacionados aos ataques de 8 de Janeiro — entre eles, o de ter pichado com batom uma estátua em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). A mulher passou a ser usada por bolsonaristas como um símbolo da causa a favor da anistia dos envolvidos nos ataques.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também utilizou da narrativa em seu discurso. Em um momento de sua fala, pegou um batom e disse que Débora Rodrigues é o “símbolo da luta pelo Brasil”.
“Hoje, a nossa Débora, uma mulher comum, cabeleireira, se torna símbolo da luta pela justiça no nosso Brasil”, afirmou a ex-primeira-dama. Ela pediu que as mulheres empunhassem seus batons e convidou ao trio a filha de uma presa do 8 de janeiro.
Michelle ainda fez um apelo ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, que já declarou que as penas impostas poderiam ser revistas. “Luiz Fux, eu sei que o senhor é um juiz de carreira e o senhor não vai jogar o seu nome na lama. Nós temos aqui, a Adalgiza, de 64 anos, que está doente. Não deixa a Adalgiza morrer, Luiz Fux”, disse Michelle.
“Agora (Débora) está em prisão domiciliar graças à grande mobilização de vocês. Se um pichador pode cumprir pena de três meses em liberdade, por que tanta maldade e crueldade com essa mulher?”, completou a ex-primeira-dama.
Débora foi condenada por abolição violenta do Estado democrático de direito (com pena de 4 anos e 6 meses de reclusão); golpe de Estado (5 anos); dano qualificado, com violência à pessoa ou grave ameaça, ao patrimônio da União, por motivo egoístico ou prejuízo considerável para a vítima (1 ano e 6 meses de detenção e multa); deterioração do patrimônio tombado (1 ano e 6 meses e multa); e associação criminosa armada (1 ano e 6 meses). Ela ainda foi acusada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de apagar provas, obstruindo o trabalho de investigadores e da Justiça.