O deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) disse que a conversa com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos- PB), para que encerrasse a greve de fome, durou cerca de 30 segundos. A negociação foi feita após costura dos deputados Sâmia Bomfim (Psol-SP) e Lindbergh Farias (PT-RJ). O parlamentar foi entrevistado pelo programa Café com Política, exibido no canal no YouTube de O TEMPO nesta sexta-feira (9 de maio).
O acordo firmado entre Glauber e Motta era de que o processo envolvendo a cassação do deputado federal não fosse analisado neste semestre pelo Plenário da Casa. O parlamentar responde por agressão contra um militante do Movimento Brasil Livre (MBL), que ocorreu no ano passado.
Durante a greve de fome, Glauber ficou sem se alimentar por oito dias, totalizando mais de 200 horas. Durante todo este tempo, ele ficou acampado no Plenário onde ocorreu a reunião do Conselho de Ética que decidiu pelo andamento do processo.
Conforme o deputado, a conversa com Hugo Motta foi breve. Em sua avaliação, o presidente da Câmara tem sido pressionado por Arthur Lira (PP-AL), que ocupava o cargo anteriormente e é acusado por Glauber por encabeçar o processo contra seu mandato.
“Na minha avaliação, ele (Motta) não quer a cassação, porque ele sabe que executar uma cassação em um cenário como esse, depois das votações que acabaram de acontecer na Câmara, vai dar uma demonstração de pouca autonomia política em relação ao próprio Arthur Lira. Isso não é bom para quem quer exercer uma liderança e se consolidar. Agora, vai depender dele. Ele é quem vai ser também um escritor das cenas dos próximos capítulos.”
Enquanto aguarda a tramitação do processo, Glauber pretende realizar uma caravana por todo o país para divulgar sua situação. Ele afirma estar sendo vítima de “perseguição política” e considera a cassação do mandato desproporcional em relação a outros casos em andamento na Casa, como de Chiquinho Brazão, acusado pela Polícia Federal de ser o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco, e de Alexandre Ramagem (PL-RJ), investigado por tentativa de golpe de Estado.
Glauber diz ter apoio de todos os partidos do campo da esquerda e que tem conseguido alinhamento também do centro. A ideia do parlamentar é “isolar socialmente” o deputado Arthur Lira, para que consiga o apoio necessário para evitar a cassação quando for pautada na Câmara.
“Eu vou continuar me mobilizando, porque eu sei, eu não tenho ilusão. Eu sei que o inimigo que estamos enfrentando é muito poderoso, financeiramente e do poder político que tem”, diz. “Eu acredito na virada desse jogo. Não por acreditar exclusivamente numa articulação com o quadro institucional, é porque eu acredito na mobilização das pessoas”, complementa.