Alvo de um processo de cassação na Câmara dos Deputados, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) inicia nesta semana uma caravana nacional em defesa do seu mandato. O ponto de partida será Belo Horizonte, onde o parlamentar vai participar de um ato na Arena Fafich, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na região da Pampulha, na quinta-feira (8 de maio). O evento terá início às 18h.
Na última semana, o parlamentar teve seu recurso contra o processo no Conselho de Ética que orientou a cassação de seu mandato rejeitado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Em resposta, Glauber vai percorrer os 26 estados do país, além do Distrito Federal, durante dois meses. A perspectiva é que o processo de cassação seja votado no início de julho no plenário da Câmara dos Deputados.
Segundo a equipe de coordenação política de Glauber, a capital mineira foi escolhida como ponto de partida da caravana porque, logo após o anúncio da iniciativa, a deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) ligou para Sâmia Bomfim (PSOL-RJ) - deputada federal e esposa de Glauber - dizendo que queria a presença dele em BH no dia 8 para uma atividade. Além de Xakriabá, a deputada estadual Bella Gonçalves e a vereadora de BH Iza Lourença, todas do PSOL, são precenças confirmadas no ato.
Cassação
Na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), no dia 22 de abril, sete vereadores protocolaram uma moção de apoio ao deputado federal Glauber Braga. O documento é endereçado ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), em Brasília. O parlamentar chegou a reagir contra seu processo com uma greve de fome que durou oito dias, de 9 a 17 de abril.
O PSOL avalia o movimento pela cassação de Glauber Braga como um processo de perseguição pessoal e acusam o ex-presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL) de interferir no processo. O partido acredita que decisão tem relação com a denúncia pública feita por Glauber em relação ao chamado orçamento secreto, com atuação de Lira.
O partido também questiona a gravidade do ato que levou à abertura do processo contra Glauber. O deputado chutou e expulsou um militante do Movimento Brasil Livre (MBL), já conhecido por importunar o parlamentar há meses, na saída da Câmara, após ofender a mãe dele, que estava doente. A agressão aconteceu em em abril de 2024, e a mãe de Glauber morreu no mês seguinte.
Defensores também comparam a ação do psolista à de outros parlamentares, como a ex-deputada Carla Zambelli (PL-SP), que em 2022 sacou uma arma e perseguiu um jornalista negro na região central de São Paulo, sem que o Conselho de Ética recomendasse sua cassação. Eles também citam o relator do processo contra Glauber, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), que sugeriu a perda de mandato. Magalhães já protagonizou uma agressão física a um escritor dentro da Câmara dos Deputados e, mais recentemente, votou em separado e se absteve na votação da cassação de Chiquinho Brazão, acusado de mandar matar a vereadora Marielle Franco (PSOL).