A vereadora Adriana Souza (PT) se afastou, nesta terça-feira (24 de junho), do cargo de vice-líder do governo da prefeita Marília Campos (PT) na Câmara de Contagem. A renúncia acontece após queixas de colegas parlamentares sobre a postura de Adriana em relação ao aumento nos salários dos vereadores, aprovado pela própria Casa no fim de maio. Adriana anunciou nas redes sociais, no início de junho, que iria devolver a parcela de seu salário referente ao aumento de 9,42%.  

A atitude fez com que o clima “pesasse” na Câmara e respingou até mesmo no governo de Marília, já que a vereadora era uma das representantes do Executivo municipal na Casa. Segundo interlocutores da prefeitura, embora o posicionamento tenha sido individual, o fato de Adriana ocupar a vice-liderança fez com que a atitude tivesse repercussão no governo e na relação da Câmara com a prefeitura. Com isso, teria chegado até a secretaria de Governo, responsável por articulações com a Casa, comentários de que não seria bom Adriana continuar na vice-liderança, já que sua atitude poderia ser vinculada ao Executivo. 

A vereadora anunciou sua renúncia durante a 20ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal, nesta terça-feira (24), classificando o ato como um gesto de “coragem política” e “fidelidade a seus princípios”. Em nota enviada à imprensa, sua assessoria afirmou que a decisão, já amadurecida e comunicada previamente à prefeita, teve como objetivo “preservar a estabilidade da base aliada e aprofundar o compromisso com um projeto de cidade mais justa, ética e participativa”. 

A equipe atribui o afastamento ao incômodo causado entre os colegas pelo posicionamento contrário da vereadora ao aumento salarial. “Sua saída ocorre após se posicionar publicamente contra o reajuste salarial dos vereadores, postura que provocou desconforto entre os pares, mas que reforça sua coerência com a luta contra privilégios e desigualdades”, afirmou. 

O comunicado destaca ainda que a decisão “não representa distanciamento, mas um gesto de compromisso e lealdade com o governo”. “A vereadora segue na base aliada e enfatiza que continuará atuando com ‘combatividade, responsabilidade e escuta às vozes das periferias’”. 

A postura da vereadora após o reajuste causou desconforto até mesmo na bancada petista. Adriana não votou por estar em Brasília no dia da votação. Os outros dois vereadores do partido, Moara Saboia e Zé Antônio do Hospital, foram a favor da medida. O gesto da colega de legenda – que estaria trabalhando para viabilizar seu nome para voos mais altos nas eleições do próximo ano e até mesmo como sucessora de Marília Campos em 2028 – teria causado incômodo dentro do grupo.

Parlamentares ouvidos pela reportagem na época, sob condição de anonimato, questionaram o fato de Adriana Souza ter se ausentado das sessões decisivas. “A Adriana é vice-líder de governo, faltou a duas sessões, não discutiu o tema no plenário e depois fez uma postagem crítica”, afirmou um dos vereadores. 

Já Adriana argumenta que estava na capital federal cumprindo agenda oficial, previamente comunicada à Câmara. A vereadora afirma que, antes de deixar Contagem, havia o entendimento de que o reajuste aos parlamentares não seria pautado.

A assessoria da prefeitura de Contagem foi consultada e informou que não irá comentar o assunto.