A iminente saída de Igor Alvarenga da Secretaria de Estado de Educação desagradou deputados estaduais da base do governo Romeu Zema (Novo) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O ainda secretário é bem quisto pelos parlamentares, que foram pegos de surpresa na última terça-feira (15/7), quando a exoneração começou a circular durante uma reunião em plenário.  

A boa relação entre Alvarenga e a base de Zema é atribuída à prontidão do secretário de Educação. Um deputado relatou a O TEMPO que era atendido sempre que precisava. “Se ele não atendia as minhas ligações na hora, me retornava em dez minutos”, citou o parlamentar, que pediu anonimato ao comentar a saída do secretário.

Parte das emendas impositivas individuais indicadas por deputados para as respectivas bases eleitorais passa pela Secretaria da Educação. Quando recursos para reformas ou renovações de mobília, por exemplo, não são transferidos diretamente para o caixa escolar, eles são repassados para as prefeituras por meio de convênios celebrados pela secretaria.  

Assim que chegou à secretaria, quando substituiu a atual diretora-executiva do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (Cieb), Julia Sant’Anna, há três anos, Alvarenga teve atritos com alguns deputados em razão de sua postura. No entanto, ao menos segundo outro parlamentar, o secretário “conseguiu se superar”. “Eu, particularmente, não tenho nenhuma reclamação”, frisou.

O mesmo deputado classificou a saída de Alvarenga como “um tiro no pé”, citando o apoio de superintendentes regionais de ensino à permanência do secretário. Em um ofício encaminhado a Zema e ao vice-governador Mateus Simões (Novo), diretores escolares da superintendência de Caratinga, Rio Doce, pediram “respeitosa, mas veementemente” a continuidade dele.  

O prestígio de Alvarenga junto à rede estadual deve-se à sua carreira como servidor efetivo, que o levou à direção da Escola Estadual Ari da Franca, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte. Ele herdou a secretaria após embates entre a antecessora e o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE-MG) em razão do Mãos Dadas.

A saída de Alvarenga também causou um desconforto na Secretaria de Educação. A avaliação interna é que o secretário “deu a cara a tapa” pelo governo Zema, especialmente em audiências públicas na Assembleia para discutir temas delicados, como a implementação do Programa das Escolas Cívico-Militares.  

Embora a decisão de substituir Alvarenga tenha sido tomada no dia seguinte à suspensão das consultas às escolas estaduais para a adesão ao programa das Escolas Cívico-Militares, a saída do secretário não está relacionada à repercussão da implementação do projeto. As consultas foram suspensas na última segunda (14/7), a quatro dias do fim, que seria nesta sexta.

A escolha foi do vice-governador Mateus Simões (Novo), que, segundo interlocutores do governo, estava insatisfeito há algum tempo com os indicadores educacionais do Estado. Os índices podem respingar na campanha de Simões, que é pré-candidato ao governo de Minas Gerais em 2026.

A saída de Alvarenga ocorre cerca de um mês após o favorito para substituí-lo, Rossieli Soares, deixar a Secretaria de Educação do Pará. Candidato a deputado federal em São Paulo pelo PSDB em 2022, Rossieli também foi secretário de Educação dos estados de São Paulo e do Amazonas e ministro da Educação do governo Michel Temer (2016-2018).