Ex-secretário do governo João Doria (2019-2022), Rossieli Soares será o novo secretário de Educação do governo Romeu Zema (Novo). A escolha de Rossieli e a saída de Igor Alvarenga foram formalizadas na noite desta sexta-feira (25/7), em nota encaminhada à imprensa dez dias após a troca vir a público.
Rossieli encabeça o braço de educação do Grupo de Lideranças Empresariais (Lide), fundado por Doria. Advogado, ele foi secretário de Educação de São Paulo entre janeiro de 2019 e abril de 2022, quando renunciou ao cargo para ser candidato a deputado federal pelo PSDB. Com 33.516 votos, Rossieli, que é natural de Santiago (RS), não foi eleito.
Até o mês passado, Rossieli era secretário de Educação do Pará, onde estava desde o início do atual mandato do governador Helder Barbalho (MDB). O advogado entregou o cargo após pressão de indígenas e quilombolas, que, insatisfeitos com a extinção de modelos de ensino presencial, chegaram a ocupar a sede da secretaria por quase um mês.
Antes de integrar os governos Helder Barbalho e Doria, Rossieli foi ministro da Educação nos meses finais do governo Michel Temer (MDB). Então secretário de Educação Básica do ministério, o advogado foi alçado ao comando da pasta após o então deputado federal licenciado Mendonça Filho (União Brasil-PE) deixá-lo para se candidatar à reeleição.
De acordo com o governo Zema, o ex-secretário de Educação do Pará dará continuidade “às políticas públicas bem-avaliadas implementadas pela Secretaria de Estado de Educação nos últimos anos”. O Palácio Tiradentes ainda pontuou que Rossieli é mestre em Gestão e Avaliação Educacional pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
A mudança de rota na Secretaria da Educação foi uma decisão do vice-governador Mateus Simões (Novo), pré-candidato ao governo de Minas Gerais em 2026. Embora a decisão de substituir Alvarenga tenha sido tomada um dia após a suspensão das consultas às escolas para adesão ao programa Cívico-Militar, a saída não está relacionada à repercussão da implementação do projeto.
A O TEMPO, interlocutores do governo Zema relataram que Simões estava há algum tempo insatisfeito com os indicadores educacionais do Estado, que poderiam respingar em sua campanha e na do governador à presidência da República. Dois dias depois de a saída vir a público, o governo chegou a celebrar, em canais oficiais, o avanço no índice de alfabetização medido pelo Inep.
Ao comunicar a saída de Alvarenga nesta sexta, o governo Zema ressaltou que o ainda secretário ajudou a “implementar programas pioneiros da atual gestão, contribuindo para aprimorar a qualidade da educação em Minas Gerais” e lhe fez um afago ao incluir elogios do próprio governador e de Simões à sua gestão.
A demissão de Alvarenga desagradou parte da rede estadual de ensino, como, por exemplo, os superintendentes regionais. Em um ofício encaminhado a Zema e a Simões, diretores escolares da superintendência de Caratinga, no Rio Doce, chegaram a pedir “respeitosa, mas veementemente” a continuidade do secretário.
Além da rede estadual, os deputados estaduais da base de Zema na Assembleia Legislativa de Minas Gerais também foram pegos de surpresa com a troca na Secretaria de Educação. A saída de Alvarenga chegou a ser classificada como um “tiro no pé” em razão do seu prestígio como ex-diretor junto à comunidade escolar.