Ex-vereador de Belo Horizonte por dois mandatos (2017 a 2024), ex-presidente da Câmara Municipal (2023-2024) e candidato derrotado à prefeitura em 2024, Gabriel Azevedo comentou, em entrevista ao jornal O TEMPO, sobre seus planos para 2026, o desejo declarado de disputar novamente a prefeitura em 2028. A entrevista foi concedida aos jornalistas Cynthia Castro e André Vasconcellos no programa Café com Política, disponível no canal de O TEMPO no YouTube.

Entre outros pontos, Gabriel comentou sobre a intenção da atual gestão de flexibilizar as regras urbanísticas para permitir prédios mais altos na região central da capital. Em abril, o prefeito Damião disse que não descansaria até ver um edifício de 50 andares na cidade. Azevedo, no entanto, criticou o modelo atual de expansão urbana.

“Belo Horizonte é uma cidade planejada que, por legislações equivocadas, se espalhou pelo território metropolitano em vez de se adensar na avenida do Contorno. Isso levou pessoas a ocuparem áreas de risco, como encostas e vales de rios, numa cidade montanhosa. Além disso, criou um problema de mobilidade: as pessoas moram longe e precisam se deslocar até o centro todos os dias”, avaliou.

Ele cita ainda a região do Barro Preto, na região Centro-Sul da capital, como um bairro que está subutilizado e com grande capacidade de adensamento populacional. “O Barro Preto é o lugar onde cabem muitas torres residenciais, um bairro inclusive, que está praticamente morrendo aos poucos (...). Um quarteirão com 5 mil pessoas, outro com 10, 15, 20. E aí a gente não vai só garantindo mais habitação, combatendo um grande problema da cidade, que é o déficit habitacional. E esse é o modelo que, ao meu ver, faz sentido”. 

Câmara Municipal 

Questionado sobre a atuação de seu sucessor na presidência da Câmara, Juliano Lopes (Podemos), Azevedo evitou críticas, limitando-se a apontar uma diferença de postura. “Eu era uma máquina de votação”, afirmou. “No meu primeiro mandato, 80 a 90% do que se votava era inconstitucional. Eu me recusei a permitir que a Câmara fosse palco de leis sem validade. Isso, para mim, era enganar o povo.”
Sobre o episódio em que Juliano assumiu interinamente a prefeitura durante uma viagem de Damião ao Peru, disse ver a situação com naturalidade. “Isso é institucional.”

Gabriel Azevedo também comentou a derrota de Alexandre Kalil na disputa pelo governo de Minas em 2022. Segundo ele, o ex-prefeito errou ao se apresentar como o “candidato do Lula”. “Foi um erro estratégico. Kalil tinha potencial para ser o candidato de Minas, mas acabou se posicionando como o candidato de um grupo político, o que limitou seu alcance”, analisou.