O posicionamento contrário do vereador Wagner Ferreira (PV) à orientação partidária na eleição para a presidência da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) foi levado à Comissão de Ética do PV. O vereador, que votou em Juliano Lopes (Podemos), descumpriu uma resolução elaborada conjuntamente pelos diretórios estadual e municipal que orientava o alinhamento a Bruno Miranda (PDT).

O estatuto do PV dá margem para a suspensão imediata de um filiado em caso de infidelidade ou indisciplina partidária. A punição é prevista em caso de “gravíssima e notória violação da Lei, do estatuto, da ética, do programa, das diretrizes do partido ou ainda de desrespeito às instâncias partidárias”. Procurado pelo Aparte, Wagner respondeu que não irá mais se posicionar sobre o assunto.

O presidente estadual do PV, Osvander Valadão, informou que a Comissão de Ética se reunirá já nesta sexta-feira (3 de janeiro). “A gente vai ter uma reunião para juntar todas as questões, como a resolução que orientou o voto (na eleição da CMBH) e não foi seguida, para tomar as devidas providências”, afirmou ele.

Ao orientar o voto em Miranda, o PV argumentou que a candidatura do vereador “se aproxima das ideias e bandeiras defendidas pelo campo progressista” e é alinhada às “diretrizes apoiadas pelo partido”. A resolução ainda se referiu à candidatura de Lopes como representante de “forças retrógradas e antagônicas às diretrizes defendidas pelo partido”.

Valadão ainda disse que o PV se ampara na Lei dos Partidos, que prevê que um vereador, por exemplo, deve “subordinar sua ação parlamentar aos princípios doutrinários e programáticos e às diretrizes estabelecidas pelos órgãos de direção partidários”. “A Lei dos Partidos é clara ao dar o mandato dos vereadores aos partidos”, pontuou o presidente estadual do PV. 

O voto de Wagner, vice-líder do governo Fuad Noman (PSD), era considerado como um dos votos-chave para a eleição da presidência da CMBH, decidida por uma diferença de cinco vereadores. Na última sexta (27 de dezembro), Fuad chegou a ligar para o vereador, por veio do vice-prefeito e secretário de Governo, Álvaro Damião (União), para tentar atraí-lo para apoiar Miranda.

Quando a Prefeitura de Belo Horizonte lançou Miranda para a presidência da CMBH, Wagner já havia declarado publicamente o apoio a Lopes. O vereador teria questionado a pessoas próximas por que a prefeitura lançou o líder do governo para a presidência, a uma semana da eleição, depois de Fuad ter dito, em um café da manhã com 36 dos 41 vereadores, que não iria interferir no pleito.

Agora 1º secretário da Mesa da CMBH com a eleição de Lopes, Wagner ainda teria rechaçado o apoio a uma candidatura apoiada pelo PL, dizendo que há uma “falsa polarização” em Belo Horizonte. Ele exemplificou que, a nível federal, os dois partidos apoiam Hugo Motta (Republicanos-PB) para a presidência da Câmara dos Deputados.