Anunciada há cerca de dois meses, a federação partidária entre PRD e Solidariedade provocará uma série de saídas nas bancadas federal e estadual de Minas Gerais. Os planos são emprestar legenda a apenas três dos nove deputados hoje em exercício. A informação foi confirmada ao Aparte por interlocutores de PRD e Solidariedade.
Apenas os deputados federais Dr. Frederico (PRD), Fred Costa (PRD) e Zé Silva (Solidariedade) devem se candidatar à reeleição pela federação. Devem sair os também federais Pedro Aihara (PRD) e Weliton Prado (Solidariedade) e os deputados estaduais Doorgal Andrada (PRD), Dr. Paulo (PRD), Roberto Andrade (PRD) e Professor Wendel Mesquita (Solidariedade).
Desde o anúncio da federação, PRD e Solidariedade tratam como ponto pacífico a necessidade de construir chapas de candidatos a deputados federais e estaduais alinhados às diretrizes partidárias. Em outras palavras, uma fonte com bom trânsito entre as lideranças resumiu, a federação priorizará quem irá “votar com o partido”.
Ao menos por ora, o movimento não deve alcançar os quatro vereadores da bancada da federação partidária em Belo Horizonte. Recém-eleitos ou reeleitos, Diego Sanches (Solidariedade), Dra. Michelly Siqueira (PRD), Rudson Paixão (Solidariedade) e Wanderley Porto (PRD) compõem o bloco Independência Democrática.
Os planos surpreenderam parte dos deputados. Embora esteja ciente da federação, Dr. Paulo afirmou que, até agora, não foi comunicado, formalmente ou informalmente, de qualquer decisão. “Eu, por enquanto, não penso em sair do PRD, exceto caso eu seja convidado a sair ou então haja candidatos a deputados estaduais que possam ameaçar a minha reeleição”, pontuou.
A exemplo de Dr. Paulo, Weliton ressaltou que, por ora, ninguém de PRD ou Solidariedade lhe procurou. “Vou deixar (uma eventual saída) a cargo das direções nacionais. O que resolverem está tudo certo para mim. Não estou pensando nisso agora. O meu objetivo é fazer o meu trabalho”, minimizou o deputado federal.
Weliton mantém conversas para se filiar ao PSD, movimento já feito pelo irmão e deputado estadual Elismar Prado. Questionado, o deputado federal desconversou. “Conversas, partidos… é natural que todo mundo procure. No momento certo, vou analisar (uma eventual mudança), mas, neste momento, a minha preocupação é só com o meu mandato”, enfatizou.
Professor Wendel, vice-presidente estadual do Solidariedade, disse que seu intuito é permanecer no partido. “A minha pretensão é essa, mas vou me reunir com o presidente nacional (do Solidariedade, Paulinho da Força) em setembro para definirmos as diretrizes do partido em Minas. Convites para sair eu tenho de diversos partidos”, afirmou o deputado.
A federação partidária será formada para que PRD e Solidariedade superem a cláusula de barreira em 2026. Juntos, ambos terão que eleger 11 deputados federais em, no mínimo, nove estados diferentes ou, então, alcançar 2% dos votos válidos para deputado federal em todo o Brasil, sendo ao menos 1% em cada um dos nove estados.
Alcançar a cláusula de barreira é um pré-requisito para acessar 95% dos recursos do Fundo Partidário — os 5% são distribuídos igualmente entre as legendas. A federação não é o primeiro movimento de PRD e Solidariedade para superar a cláusula de barreira de 2022 para cá. O PRD já é fruto da fusão entre Patriota e PTB e o Solidariedade incorporou o PROS.
Aihara, Doorgal e Roberto também procurados, mas, até a publicação desta reportagem, não se manifestaram. Tão logo se manifestem, o posicionamento será acrescentado. O espaço segue aberto.