A fase que vive o vereador cassado de Belo Horizonte, Cláudio Duarte (PSL), vai de mal a pior. Depois de passar dez dias preso em abril, ser afastado da Câmara Municipal, ficar mais nove dias em prisão domiciliar, ser monitorado por tornozeleira eletrônica, ter quase R$ 1,5 milhão bloqueados pela Justiça e ser cassado anteontem, o empresário agora é visto, definitivamente, como um estranho no ninho do PSL.

O deputado federal Cabo Junio Amaral, que na época da primeira prisão afirmava que consideraria o ex-vereador “pior que um criminoso comum” se a prática fosse provada, agora já parece ter certeza. Em contato ontem com o Aparte, Amaral disse ser vergonhoso dividir a sigla com pessoas como o parlamentar cassado.

“Ele está cada vez mais enrolado. Por todos esses indícios, não tenho nenhuma confiança nesse senhor. É vergonhoso pessoas com essas posturas na política, pior ainda no meu partido”, disparou o deputado federal.

Apesar da crítica direcionada, Cabo Junio Amaral falou sobre atitudes como as de Duarte em outros cenários. “Eu sei que é sonho achar que ele é o único (a ter posturas consideradas corruptas na política e no PSL), mas torço e luto para que estejam em processo de extinção. Não cabe mais na política relativizar criminoso por ser do mesmo partido. Ou você abomina e se posiciona, ou é cúmplice moral”, avaliou.

Sobre o desejo da legenda de expulsar o parlamentar cassado nesta semana, Cabo Junio Amaral foi enfático: “Pra ontem”. 

Em 2 de abril, quando Cláudio Duarte foi preso temporariamente, o deputado federal concedeu entrevista a O TEMPO e defendeu as investigações e a punição, caso houvesse a comprovação dos ilícitos. “Se for provado algum crime, para mim é pior do que um criminoso comum. Tem que haver punição mais pesada para crimes de corrupção e outros semelhantes. No mundo político, sei que vou interagir com pessoas do tipo, mas jamais me verão fazendo discurso de relativização de condutas por ser do mesmo partido. Seja PT ou PSL, errou? Ferro nele”, disse Amaral à época.

Outro parlamentar do partido de Jair Bolsonaro que comentou a situação foi o deputado estadual Bruno Engler. Para ele, a sigla não pode defender parlamentar considerado “bandido”. “Quem defende bandido é a turma da esquerda. Se errou, ferro nele. Criminoso, independentemente do partido, tem que ser punido”, disse. Bruno Engler afirma que as prisões de Duarte e o uso de tornozeleira eletrônica não afetam o PSL, mas, por “coerência, deve combater firmemente” aqueles que praticam crimes. 

Em 1º de abril, um dia antes de ser preso, Cláudio Duarte participou de um ato em Belo Horizonte para comemorar o que chamou de “revolução gloriosa de 1964” com Amaral, Engler e o também deputado estadual Coronel Sandro. Sobre o evento e a amizade com o vereador cassado, Bruno Engler disse que só teve contato com ele naquela ocasião. “O Cláudio procurou o Coronel Sandro, e aí o Sandro me apresentou. Eu o conheci na quinta-feira antes da manifestação, que foi no domingo. Estive com ele e não tive nenhuma proximidade. Foi bem-vindo ao evento, não tinha como adivinhar que ele estava envolvido nessas coisas. Depois que foi preso, nunca mais conversei com ele”, explicou.

O Aparte procurou o vereador cassado Cláudio Duarte para se manifestar sobre o posicionamento dos correligionários, mas não teve as mensagens respondidas.