Após duas semanas de turbulências internas, o MDB de Minas tentou ontem a primeira cartada para evitar uma divisão total no partido.
O encontro organizado pela direção estadual da sigla com deputados e lideranças teve cobranças por mais transparência sobre gastos e também críticas acerca de decisões políticas. Uma das questões que mais dividem o partido é qual caminho tomar em 2022. Alguns emedebistas defendem uma aliança com Romeu Zema (Novo), outros são críticos à atual gestão estadual e não querem apoiar a reeleição do governador.
Ontem, ao contrário das últimas reuniões do MDB, marcadas por bate-bocas e xingamentos, os deputados citaram um clima mais pacífico.
“Foi uma reunião amena e tranquila. Consignou-se lá que sejam apresentadas as contas do partido. Adalclever (Lopes) saiu por questões políticas e também financeiras. Então, ficaram de apresentar todos os demonstrativos”, conta o deputado estadual Sávio Souza Cruz, referindo-se à saída do ex-tesoureiro do MDB e ex-presidente da Assembleia, que deixou o partido na semana passada e se filiou ao PSD.
Após a saída de Adalclever, alguns emedebistas apontaram uma divisão interna da sigla e a falta de harmonia sobre o futuro do partido em 2022. Aliado próximo do prefeito de BH, Alexandre Kalil (PSD), Adalclever deixou a legenda acusando o presidente estadual Newton Cardoso Jr. de usar recursos do partido para financiar sua campanha a deputado federal no próximo ano. Alguns emedebistas afirmam que o pano de fundo da briga é a disputa pelo Palácio Tiradentes, uma vez que Kalil deve disputar o governo do Estado.
Sobre a possível aliança do MDB com Zema, os deputados dizem que ainda faltam muitas conversas e que o cenário só deve ser definido nos próximos meses. “O clima está mais amistoso. Há um sentimento de que é preciso buscar o entendimento. Vamos eleger um novo tesoureiro e tirar aprendizado de tudo que aconteceu”, avalia o deputado federal Hercílio Diniz.
Segundo Diniz, uma nova reunião já foi marcada para o próximo mês, e o tema principal será avaliar o destino da sigla sobre a eleição majoritária. “Tem uma turma próxima e que defende apoiar o governador, mas ainda não existe decisão fechada”, diz. A opção do MDB sobre qual caminho tomar passará pela chegada de novos quadros. Um dos nomes que negociam com o partido, o senador Carlos Viana (PSD) pode levar a sigla a uma chapa majoritária em 2022.
Para o deputado federal Fábio Ramalho, antes de tomar qualquer decisão, o diretório estadual precisa ouvir as demandas das lideranças regionais. “Temos que avaliar o melhor cenário para o Estado e para o partido, sentar para conversar e ouvir todos os integrantes”, afirma.
O presidente do MDB em Minas, deputado Newton Cardoso Jr., foi procurado para comentar a reunião, mas não atendeu as ligações.