A deputada estadual Delegada Sheila Oliveira (PL) nomeou o pai do companheiro e ex-deputado federal Charlles Evangelista (PP) para assessorá-la na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A nomeação foi publicada na edição do Diário do Legislativo nessa quinta-feira (2). Candidato à reeleição, Charlles não conseguiu emplacar um novo mandato na Câmara dos Deputados.
Filiado ao Podemos, o pai de Charlles, Francisco de Assis Evangelista, conhecido como Chico Evangelista, foi nomeado para o cargo de técnico de apoio legislativo, cujos vencimentos são de R$ 8.983,26 mensais. O grau de escolaridade exigido para a função é o médio. Ao Aparte, o Ministério Público de Minas Gerais informou que não há "registro de procedimento (investigatório) relativo ao caso".
Chico tem larga carreira política em Juiz de Fora, Zona da Mata, onde foi vereador por dois mandatos, entre 2009 e 2012, e, depois, entre 2013 e 2016. À época, ele era filiado ao PP. Em 2016, o pai de Charlles, já filiado ao PROS, foi candidato a vice-prefeito da então deputada federal Margarida Salomão (PT), que viria a ser eleita prefeita apenas em 2020.
Quando optou por abrir mão de renovar o mandato para ser candidato a vice, o Chico lançou a candidatura do filho para sucedê-lo na Câmara Municipal de Juiz de Fora. Na oportunidade, Charlles, que já havia sido candidato a deputado estadual em 2014, foi eleito para o primeiro mandato eleitoral.
Em 2020, pelo Podemos, Chico até pleiteou uma nova cadeira na Câmara Municipal de Juiz de Fora, mas, com apenas 1.546 votos, não foi eleito. O pai de Charlles já havia batido na trave em 2004, quando se candidatou pelo extinto PRP. Na ocasião, após conquistar 1.954 votos, também não foi eleito. Chico trata a nomeação como normal. "Eu não sou sogro dela (Sheila), ela não é minha nora. Eu sou pai do Charlles, só isso", diz.
Questionado se não seria imoral, o ex-vereador de Juiz de Fora nega, já que, conforme ele, trabalhará normalmente para Sheila. "Não tem problema, não. Se eu tivesse parentesco com ela, se o Charlles fosse casado, direitinho, aí tudo bem. Fora isso, não tem problema, não. Eu tenho uma trajetória política super correta. Nunca fugi de nada, nunca fiz coisa nenhuma errada. Não é uma nomeação dessa que vai atrapalhar isso tudo", acrescenta.
Já Sheila alega que a nomeação de Chico não ofenderia nenhum “preceito ou norma jurídica” porque não é casada com Charlles. “Também não se trata de algo imoral devido ao currículo e histórico político do nomeado. Francisco foi vereador em Juiz de Fora, conhece a cidade como poucos, suas lideranças e sempre foi um apoiador de nosso trabalho. Não abro mão do trabalho do Chico Evangelista. Sou jurista, conheço a Lei, bem como os posicionamentos dos tribunais a respeito”, afirma a deputada estadual.
Sheila e Charlles fazem dobrada em eleições desde 2018, quando ambos, então vereadores de Juiz de Fora e filiados ao extinto PSL, foram eleitos, respectivamente, deputada estadual e deputado federal. Os dois tentaram repetir a parceria nas últimas eleições, mas apenas Sheila, mesmo com cerca de 22 mil votos a menos em relação há quatro anos, foi reeleita com 58.003 votos. Charlles, que perdeu 5.396 votos, não teve o mesmo sucesso.