Filiados ao Partido Novo que moram em Barbacena, na região Central, reclamam que o diretório nacional da sigla estaria dificultando a criação de um diretório municipal na cidade. A presidência nacional do partido alega que o município deve ter um número mínimo de habitantes e de filiados ativos para que seja criado um diretório local. Uma comissão provisória composta por membros do partido na cidade entrou com mandado de segurança na Justiça para conseguir a instituição do órgão, mas o pedido foi indeferido. 

Os filiados barbacenenses do Novo dizem que a sigla está contrariando seus próprios princípios liberais. “É um partido liberal que não dá liberdade para seus filiados agirem. Nós não tivemos sequer uma assembleia geral para votar o presidente do diretório estadual”, alega o administrador Carlos Liporati, 34, membro da legenda no município.
 
O presidente do Partido Novo em Minas Gerais, Ronnye Antunes, garante que o diretório estadual segue as diretrizes estabelecidas pela instituição em nível nacional. “O diretório estadual nunca se opôs ao diretório, mas Barbacena não atingiu a meta. Essa ideia vem da época em que João Amoêdo era o presidente e desejava que o partido crescesse de forma orgânica e sustentável. Mas Barbacena está certa ao questionar os princípios”, diz.
 
O partido exige que a cidade tenha pelo menos 300 mil habitantes e 150 filiados ativos para que ela abrigue um diretório municipal. A população estimada de Barbacena é de 138.204 pessoas, segundo o IBGE. O filiado Carlos Liporati diz que não tem acesso aos dados do partido sobre o número de filiados. 

No dia 8 de setembro, uma carta assinada por membros do Partido Novo de Barbacena, incluindo alguns que fazem parte da sigla desde sua fundação, em 2015, foi endereçada à liderança nacional da legenda. O documento diz que, ao impedir a criação do diretório na cidade, a sigla está traindo máximas como “o indivíduo é o agente de mudanças” e “todos são iguais perante a lei”, que definem valores da instituição.
 
“Se liberal, o preceito primeiro é a convivência democrática entre seus partícipes. E, se é uma sigla verdadeiramente partidária, tem que estar sempre aberta ao contraditório”, diz a carta.
 
Os filiados ao partido em Barbacena criaram uma comissão provisória, presidida por José Mário Nogueira de Oliveira, e entraram com um mandado de segurança para obter o direito de criar o diretório na cidade na Justiça Eleitoral, mas a liminar foi indeferida.
 
Na decisão, o relator da ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Jorge Mussi, alega que a comissão não conseguiu provar que tem o direito de se constituir em diretório e que os requisitos definidos pelo diretório nacional para a criação do diretório municipal se referem estritamente às eleições de 2020. Os filiados do Partido Novo em Barbacena ainda não definiram se vão recorrer da decisão.