O vereador de Belo Horizonte Flávio dos Santos (Podemos), acusado em supostos esquemas de “rachadinha” – o que ele nega, passou por uma situação um tanto quanto constrangedora. Segundo apurou o Aparte, o parlamentar desejava homenagear os bombeiros que têm atuado na tragédia da Vale em Brumadinho, mas a corporação optou por não receber no momento pelo fato de a operação ainda estar em andamento. Com a recusa momentânea, e para não ficar com centenas de medalhas na mão, o vereador marcou uma reunião solene para homenagear os enfermeiros do Hospital da Polícia Militar.
Segundo a assessoria da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), a reunião alusiva aos profissionais da saúde estava marcada para o último dia 9, mas foi cancelada no dia 25 de julho, uma semana antes de vazamentos de áudio que sugeriam a prática de rachadinha no gabinete do vereador.Ainda segundo a assessoria, o motivo da homenagem cancelada eram os “relevantes serviços prestados à população de Brumadinho no rompimento da barragem”.
Em contato com o Aparte, uma fonte afirmou que foram confeccionadas 850 medalhas personalizadas. “O convite foi recusado pelo comando geral do Corpo de Bombeiros, que não quer associar sua boa imagem a políticos que diariamente figuram negativamente nas manchetes de jornais. Para aproveitar o estoque de medalhas recusadas, o vereador resolveu dar aos enfermeiros militares, mas esqueceu que as medalhas são personalizadas para os bombeiros, o que seria considerado o ‘mico legislativo’ do ano”, disse o interlocutor.
O porta-voz da corporação, tenente Pedro Aihara, confirmou que houve o convite, mas explicou que não existiu nenhum tipo de recusa da homenagem. “A questão é que, como a intenção era homenagear os militares que participaram de Brumadinho, especialmente aqueles de Belo Horizonte, e a operação ainda está em andamento, foi solicitado que eles aguardassem o término da operação para que dessa forma realmente pudessem ser contemplados todos os militares que participaram e que ainda vão participar dela. Por isso não foi feita a homenagem. Por parte dos bombeiros não houve recusa. Ele (Flávio dos Santos) disse que aguardaria o fim da operação”, afirmou Aihara.
A assessoria de imprensa da Câmara disse que as homenagens feitas por parlamentares não geram custos à Casa. Cabe a cada político arcar com as despesas das honrarias confeccionadas e possíveis banquetes oferecidos. O Legislativo cede, apenas o espaço de acordo com a disponibilidade.
No último dia 8, a Câmara de BH recebeu mais um pedido de cassação de Flávio dos Santos por quebra de decoro parlamentar. Em julho, o plenário da Casa arquivou o primeiro pedido antes mesmo das investigações.
Em conversa com a coluna, o vereador admitiu que comprou as 850 medalhas e que houve o pedido do Corpo de Bombeiros para que esperasse o fim das operações.