Câmara de BH

Sem conseguir homenagear bombeiros, vereador tenta repassar medalhas

Flávio dos Santos (Podemos) desejava homenagear os bombeiros que têm atuado na tragédia da Vale em Brumadinho

Por Lucas Henrique Gomes
Publicado em 24 de agosto de 2019 | 03:00
 
 
 
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O vereador de Belo Horizonte Flávio dos Santos (Podemos), acusado em supostos esquemas de “rachadinha” – o que ele nega, passou por uma situação um tanto quanto constrangedora. Segundo apurou o Aparte, o parlamentar desejava homenagear os bombeiros que têm atuado na tragédia da Vale em Brumadinho, mas a corporação optou por não receber no momento pelo fato de a operação ainda estar em andamento. Com a recusa momentânea, e para não ficar com centenas de medalhas na mão, o vereador marcou uma reunião solene para homenagear os enfermeiros do Hospital da Polícia Militar.

Segundo a assessoria da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), a reunião alusiva aos profissionais da saúde estava marcada para o último dia 9, mas foi cancelada no dia 25 de julho, uma semana antes de vazamentos de áudio que sugeriam a prática de rachadinha no gabinete do vereador.Ainda segundo a assessoria, o motivo da homenagem cancelada eram os “relevantes serviços prestados à população de Brumadinho no rompimento da barragem”.

Em contato com o Aparte, uma fonte afirmou que foram confeccionadas 850 medalhas personalizadas. “O convite foi recusado pelo comando geral do Corpo de Bombeiros, que não quer associar sua boa imagem a políticos que diariamente figuram negativamente nas manchetes de jornais. Para aproveitar o estoque de medalhas recusadas, o vereador resolveu dar aos enfermeiros militares, mas esqueceu que as medalhas são personalizadas para os bombeiros, o que seria considerado o ‘mico legislativo’ do ano”, disse o interlocutor.

O porta-voz da corporação, tenente Pedro Aihara, confirmou que houve o convite, mas explicou que não existiu nenhum tipo de recusa da homenagem. “A questão é que, como a intenção era homenagear os militares que participaram de Brumadinho, especialmente aqueles de Belo Horizonte, e a operação ainda está em andamento, foi solicitado que eles aguardassem o término da operação para que dessa forma realmente pudessem ser contemplados todos os militares que participaram e que ainda vão participar dela. Por isso não foi feita a homenagem. Por parte dos bombeiros não houve recusa. Ele (Flávio dos Santos) disse que aguardaria o fim da operação”, afirmou Aihara.

A assessoria de imprensa da Câmara disse que as homenagens feitas por parlamentares não geram custos à Casa. Cabe a cada político arcar com as despesas das honrarias confeccionadas e possíveis banquetes oferecidos. O Legislativo cede, apenas o espaço de acordo com a disponibilidade.

No último dia 8, a Câmara de BH recebeu mais um pedido de cassação de Flávio dos Santos por quebra de decoro parlamentar. Em julho, o plenário da Casa arquivou o primeiro pedido antes mesmo das investigações. 

Em conversa com a coluna, o vereador admitiu que comprou as 850 medalhas e que houve o pedido do Corpo de Bombeiros para que esperasse o fim das operações.

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