O clima no PSDB de Minas Gerais vai de mal a pior, principalmente depois da derrota do senador Antonio Anastasia ao governo do Estado para Romeu Zema (Novo). Muitos creditam essa queda do partido ao fato de o hoje deputado federal e então principal liderança da sigla, Aécio Neves, ter se tornado réu em casos de corrupção. O climão ficou mais claro após um jantar das bancadas federal e estadual da legenda nesta semana, na casa do deputado federal Eduardo Barbosa.
De acordo com interlocutores, o constrangimento foi ao nível máximo, e Anastasia falou até mesmo que a agremiação tinha chegado ao fim e, por isso, atualmente nem tem condição de lançar candidato para a Prefeitura de Belo Horizonte no ano que vem. Aécio foi um dos que discordaram do aliado. Alguns dos parlamentares presentes ao encontro também cobraram do deputado estadual Gustavo Valadares o fato de o PSDB estar na base do Zema na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Valadares é, inclusive, líder do bloco governista, e o também tucano Luiz Humberto Carneiro é líder de governo na Casa. Aécio também teria reclamado com os correligionários dos deputados estaduais do Novo que fazem parte do bloco.
No entanto, Eduardo Barbosa negou o clima tenso no encontro. Ele contou que pouco se falou sobre eleições municipais. “Esse não foi o tema central da conversa. Anastasia apenas omitiu a opinião dele ao dizer que teria muitas dificuldades de não apoiar o atual prefeito, Alexandre Kalil. No mais, as discussões foram sobre a ALMG”, explicou. O parlamentar contou que Aécio e Anastasia mal se encontraram no jantar. “Aécio chegou mais tarde, e o senador teve que sair mais cedo para um compromisso. Eles mal tiveram tempo de conversar”, afirmou.
Barbosa explicou que a maioria dos parlamentares do PSDB acredita que o partido tenha que deixar a base do governo na Casa. Segundo ele, apenas os deputados Antônio Carlos Arantes e Luiz Humberto Carneiro acreditam que seja melhor continuar ao lado de Zema. Para Barbosa, não há motivos que justifiquem que o PSDB seja aliado do governo. Segundo ele, o partido deve se manter independente. “Continuar ao lado do partido Novo pode ser um suicídio político, uma vez que o governo pretende aprovar diversas medidas impopulares. Por que o PSDB tem que ter o ônus? Nós fomos derrotados nas eleições contra eles, qual o motivo de assumirmos esse protagonismo agora?”, disse.
Outro ponto levantado por Barbosa foi em relação a confiabilidade do Novo. “Qual a garantia que nós temos que podemos contar com eles como aliados. Eles não nos passam essa segurança. Há pouco tempo, no período eleitoral, eles nos criticavam a todo instante, éramos considerados por eles como a velha política”, declarou.
Toda essa situação ocorre dias antes de o PSDB mineiro realizar, no sábado, a escolha do novo comando do partido em Minas. Já há um acordo para que o deputado federal Paulo Abi-Ackel assuma a chefia do grupo.