Uma dança das cadeiras na Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) indica que o vereador Claudiney Dulin (Avante) herdou a cota de cargos comissionados que era de indicação do ex-vereador Léo Burguês (União Brasil). Ao Aparte, Dulin nega.
Na última quarta-feira (22), foi exonerado um indicado por Burguês que ocupava um cargo DAM 6 – cujo salário, em rendimentos brutos, chega a quase R$ 7 mil, sem função definida. No mesmo diário oficial, foi publicada também exoneração de outro indicado pelo ex-vereador que estava em um cargo DAM 3, e a nomeação dele no cargo DAM 6 deixado pelo outro indicado.
Embora, conforme apurou a coluna, ambos sejam aliados e indicações de Burguês, Dulin teria mantido um deles, agora em um cargo melhor, pois este o apoiará na candidatura à reeleição de 2024. Procurado, Dulin afirmou que os cargos comissionados na PBH são de livre nomeação do prefeito e que “não existe essa história de cotas por vereador”.
“O Avante não tem cotas no município, eu não tenho cotas no município, como alguns vereadores já tiveram no passado. (...) O que o prefeito fez foi atender algumas reivindicações de vereadores e partidos para compor a administração”, sustenta Dulin, que chama de “narrativa da oposição” a insinuação.
“Parte da oposição tenta transformar isso em uma narrativa que na verdade está completamente equivocada. Por exemplo, a CMBH recentemente publicou um projeto de resolução que está criando cargos em assessorias específicas, o que é completamente normal”, completou o vereador que é da base do prefeito Fuad Noman e foi o candidato a presidente da CMBH apoiado pelo prefeito.
Burguês deixou a Câmara Municipal de BH, em seu quinto mandato, após renunciar ao cargo, durante sessão em que vereadores votariam pela abertura ou não de um processo de cassação do mandato dele. O ex-vereador é alvo de inquérito da Polícia Civil que o indiciou por rachadinha e outros seis crimes.
Conforme divulgou O TEMPO em fevereiro, Burguês, mesmo depois de ter renunciado ao mandato, ainda mantinha 11 cargos comissionados na PBH. De acordo com uma lista a que teve acesso O TEMPO, os servidores são lotados em cargos de direção e assessoramento tanto na Administração Direta quanto Indireta do Município.
De acordo com a tabela de vencimentos da Secretaria de Planejamento com data-base em 1º de julho de 2022, o piso dos salários varia de R$ 2.216,58 a R$ 8.866,31.
‘Toma lá, dá cá’
A oposição ao prefeito Fuad o acusa de ter oferecido cargos aos vereadores para conseguir votos para vencer a eleição da mesa diretora. Inclusive, ao ser cobrado publicamente pelo vereador Gilson Guimarães (Rede), Fuad disse, em entrevista à rádio Super, que aguardava a aprovação da reforma administrativa para criar até 500 cargos novos e, assim, poder atender às demandas dos vereadores.
Questionado por essa situação, Dulim pondera que a reforma administrativa não criará 500 cargos. Segundo ele, a proposta visa melhorar o serviço dos instrumentos da PBH, principalmente na assistência social e no fortalecimento das regionais.