Uma discussão entre vereador, vice-prefeito e secretário por conta de uma UTI móvel em Abaeté, na região Central de Minas, acabou com uma ocorrência registrada pela Polícia Militar (PM).
A confusão aconteceu na última sexta-feira, quando o vereador Geraldo Clodoaldo Cunha Soares (PTB), mais conhecido como Có Padeiro, juntamente com o vice-prefeito de Abaeté, Marcelo Vargas (MDB), foram verificar uma denúncia de que a UTI móvel do município estaria desmontada e sem condições de atender os pacientes.
O veículo fica na sede da única Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da cidade. Porém, o vereador disse que, ao chegar ao local, não obteve autorização do diretor da UPA para verificar a situação da UTI móvel e fotografar o veículo. “Acionei a Polícia Militar para registrar um boletim de ocorrência para que eu tivesse provas para apresentar ao denunciante e também ao Ministério Público de que estive no local e não consegui fazer o meu trabalho, que é o de fiscalizar”, explicou.
Ao mesmo tempo que a PM, chegaram também representantes da prefeitura, entre eles o filho do prefeito Armando Greco Filho (DEM), Armando Greco Neto, que é secretário de Governo do município. Nesse momento, houve troca de acusações e até tentativas de agressão entre os envolvidos, que foram todos levados à sede da Polícia Militar.
A versão do prefeito é diferente. Ele afirmou que a UTI fica desmontada e só é equipada no momento em que há necessidade de transferência de algum paciente até Sete Lagoas ou Belo Horizonte. Segundo ele, o vereador, quando esteve na UPA, teria exigido a montagem do equipamento para que ele pudesse fotografar e publicar em um jornal da cidade. “Nós não autorizamos porque não havia necessidade. O que ele foi fazer lá foi politicagem, e, para fazer politicagem, não entra mesmo”, disse Greco Filho.
Além disso, outro fato que teria sido denunciado ao vereador e ao vice-prefeito é que, mesmo tendo um veículo estruturado para atender e realizar a transferência de pacientes em estado grave, a prefeitura teria firmado contratos com duas empresas para a remoção de pacientes em caso de necessidade de transferência para Belo Horizonte ou Sete Lagoas. A empresas seriam de Luz e Bom Despacho.
“A UTI móvel é uma questão de vida ou morte. Bom Despacho está a 85 km daqui, e Luz está a 90 km. É uma hora de viagem, sendo que nós temos uma ambulância aqui que poderia atender esses casos”, disse o vice-prefeito Marcelo Vargas. Já o vereador Có Padeiro informou que já pediu acesso aos contratos para apurar a denúncia e, se for o caso, levar as informações ao Ministério Público.
De acordo com o prefeito, a prefeitura mantém um contrato com o Grupo Las Vidas, do município de Luz, para transferência de bebês. “A prefeitura tem um contrato para transporte de neonatal, ou seja, de bebês que nascem em Abaeté e precisam ser transferidos. Isso porque nossa UTI não tem incubadora”, justifica. O filho do prefeito diz que, em 2020, a prefeitura acionou a empresa Las Vidas em apenas uma ocasião para o transporte de um bebê até Sete Lagoas.
Após a polêmica sobre a UPA, a prefeitura produziu um vídeo, divulgado nas redes sociais do secretário de Governo, para demonstrar como é feita a montagem a UTI móvel e provar que ela fica pronta para o transporte de pacientes em poucos minutos. Ainda no vídeo, um médico explica que a ambulância não fica montada direto porque a demanda na cidade para esse tipo de atendimento é pequena.