“Se estivesse satisfeito com o trabalho do prefeito, eu votaria nele e não seria candidato”. É dessa forma que o deputado estadual Bruno Engler, nome escolhido pelo PRTB para disputar a Prefeitura de Belo Horizonte, caracteriza sua pré-campanha.
Em suas aparições, ele tem dirigido várias críticas ao prefeito Alexandre Kalil (PSD), especialmente em relação à postura do Executivo na condução da pandemia na capital mineira. “Quando dirijo críticas ao Kalil é porque ele está fazendo muita coisa errada. Ele age como se fosse dono de Belo Horizonte, mas ele é só o prefeito. São duas coisas completamente diferentes”, assevera.
Terceiro parlamentar mais votado nas eleições de 2018 para a Assembleia Legislativa de Minas (ALMG) e deputado mais jovem da história da Casa, Engler será um dos nomes da direita nas eleições municipais deste ano e conta com o apoio expresso do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido).
Apesar de as últimas pesquisas apontarem para uma queda na aprovação do governo federal, Engler diz que o apoio do presidente é fundamental para sua pré-campanha.
“Em relação ao apoio do Bolsonaro ele é primordial. A minha carreira política se construiu em cima do alinhamento com o presidente. Fui eleito deputado por causa desse alinhamento e exerço meu mandato com esse alinhamento. Agora, a grande força da minha campanha é esse posicionamento favorável do presidente”, conta Engler.
Pesquisas
Ele diz que não acredita nas pesquisas que mostram aumento da rejeição do presidente e de seu governo. “Se acreditasse, ia achar que Haddad (candidato do PT em 2018) estaria no Palácio do Planalto. As pesquisas dizem hoje que a popularidade de Bolsonaro caiu, como também diziam que ele não ganharia de ninguém no segundo turno. O que vejo é a população apoiando o presidente e pessoas desesperadas pedindo um pouco de razoabilidade por parte da prefeitura, dizendo: a gente quer um pouco do que Bolsonaro defende, que é ter equilíbrio entre preocupar com a pandemia, mas também preocupar com a economia”, diz.
Na avaliação do cientista político e professor do Ibmec, Adriano Cerqueira, o nome de Engler é forte na disputa pela PBH. “Ele foi bem eleito como deputado, tem atuação que o torna o conhecido e é um dos poucos candidatos que Bolsonaro vai dar um empurrão. Isso é bom porque Bolsonaro ainda mobiliza parcela importante do eleitorado de BH. Não diria que é favorito, mas certamente é um nome importante nessa disputa”, avalia.
Ele acredita que o apoio do presidente terá peso na candidatura de Engler. “Bolsonaro certamente tem um terço do eleitorado que acha o governo dele ótimo e bom. Se todo esse pessoal resolver investir em uma candidatura, ela tem boas chances de ganhar a eleição ou pelo menos chegar ao segundo turno”. Para explicar sua análise, Cerqueira cita dados da eleição de 2016, em que o número de abstenções, brancos e nulos foi alto. “Com 32% ou 33% pode-se ganhar a eleição”, concluiu.
No entanto, ainda não há definição de coligação ou unidade em torno da campanha de Bruno Engler. “Por enquanto, o que é certeza é só o PRTB, que é o meu partido, mas a gente está buscando construir com outras legendas para fortalecer a candidatura”, disse o pré-candidato. E completou:
“Eu não sou arrogante de achar que todo mundo que apoia o Bolsonaro vai votar em mim porque pode ser que tenham uma visão diferente para a prefeitura, mas eu acredito que a maioria, quando eu puder apresentar o meu projeto na época da campanha, vai ver que é na mesma linha do presidente e a gente vai conseguir um destaque na nossa campanha”, afirmou.
Polarização na pandemia
Ainda na avaliação do cientista político, Adriano Cerqueira, a posição do prefeito Alexandre Kalil acerca da pandemia do coronavírus acabou por abrir espaço para a oposição na capital mineira.
“Ainda em março, o Kalil claramente se posicionou em um dos pólos do debate na questão da pandemia. Ele, de uma forma muito precoce, estabeleceu uma série de medidas que levaram a que o comércio ficasse fechado por muito tempo. E ao fazer isso, ele abriu uma frente por onde a oposição poderia facilmente ocupar”.
Esse espaço tem sido ocupado por vários pré-candidatos de oposição e também tem sido um dos pontos principais das críticas dirigidas por Bruno Engler à administração Kalil.
“Há uma demanda da pauta econômica de pessoas que estão vendo suas empresas ou negócios de anos indo à falência, pessoas que estão perdendo seus empregos e que estão desesperadas com a total falta de empatia do prefeito para com essas pessoas”.
Ele disse ainda que tem sido muito procurado via redes sociais, em razão da pandemia que impede o contato físico, justamente por pessoas que tem sido atingidas diretamente pelas medidas de restrição ao funcionamento do comércio.
“A gente tem ouvido o que estão passando os comerciantes, os pequenos e microempresários, as pessoas que estão impedidas de trabalhar”, disse.