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Assessora da Cemig defende contratação da Kroll e deputado vê falso testemunho

Segundo Professor Cleiton (PSB), documentos obtidos pela CPI desmentem cronologia apresentada por Virginia Kirchmeyer Vieira

Por Pedro Augusto Figueiredo
Publicado em 13 de setembro de 2021 | 20:12
 
 
 
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A CPI da Cemig ouviu na tarde desta segunda-feira (13) a assessora da Diretoria de Regulação e Jurídica da Cemig, Virginia Kirchmeyer Vieira. Ela confirmou que acompanhou funcionários da empresa Kroll por volta das 20h30, após o expediente, do dia 3 de dezembro de 2020 e que eles realizaram coletas de dados dos computadores de funcionários da estatal mineira.

Segundo ela, a Cemig decidiu contratar a Kroll por inexigibilidade de licitação depois de receber um pedido de informações do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) sobre denúncias de corrupção no setor de suprimentos da empresa.

A contratação ocorreu após uma consulta a assessores externos, que recomendaram uma investigação independente porque a Cemig tem um acordo de cooperação com o Departamento de Justiça ds Estados Unidos.

“Em novembro [de 2020], chegou na Cemig uma intimação do Ministério Público de Minas Gerais para prestação de esclarecimentos, informações, e documentos sobre um fato descrito em uma denúncia relacionada a atos de corrupção na área de compras da Cemig”, disse Virginia Vieira.

Conforme o depoimento, os trabalhos da Kroll começaram em caráter de “extrema reserva” pela gravidade das denúncias e do prazo de 15 dias dado pelo MPMG para a resposta.

Porém, a cronologia dos fatos não bate com dados obtidos por deputados da CPI. “Tenho aqui em minhas mãos um ofício do Ministério Público de Minas Gerais para a Cemig datado de 22 de julho de 2020. Nós precisamos saber se esse ofício do MPMG só chegou na Cemig em novembro. Essa é uma questão que fica no ar para nós apurarmos posteriormente a possibilidade de estarmos diante de um crime de falso testemunho”, disse o deputado Professor Cleiton (PSB).

O deputado Zé Guilherme (PP) rebateu e disse que a Cemig contratou a Kroll apenas após provocação do MPMG. "A gente tá chegando em um ponto que existe um processo de investigação dentro da Cemig. E quem detém as informações, que são sigilosas, é o Ministério Público. Vamos entã fazer requerimentos para o Ministério Público para que ele nos informe. A Cemig não é ré", disse.

Ele também não gostou da forma como a depoente foi tratada. "Hoje foi de uma forma aqui, uma mulher casada, mãe… não concordei com o que teve aqui hoje. A gente tem que tomar um novo rumo, mais sereno, mais calmo", disse em entrevista após a sessão da CPI.

Em nota sobre o depoimento, a Cemig reforçou que contratou a Kroll após ter sido comunicada pelo MPMG “de apurações sobre a conduta dos então gestores da área de compras em supostos casos de corrupção”. 

“Em razão da urgência do início de uma investigação independente, foi solicitada à Kroll a apresentação de proposta, que depois de aceita pela Cemig permitiu à empresa de investigação o início da prestação de serviços. Como empresa de investigação forense independente, a Kroll tem autorização para captar informações em equipamentos que pertencem à Companhia. Isso foi feito em computadores e celulares corporativos utilizados por investigados e custodiantes. Custodiantes são aqueles que, em razão de sua atuação profissional, podem ter armazenadas informações de interesse das investigações”, informou a Cemig.

Procurada, a Kroll não quis se manifestar.

 

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