Segurança Pública

‘Comportamento antissocial’ dos usuários de UPA em BH é desafio da Guarda

Secretário de Segurança e Prevenção, Genilson Zeferino, falou que crise e pandemia trouxeram um novo público e desafios para unidades de saúde

Por Hermano Chiodi
Publicado em 10 de agosto de 2023 | 10:02
 
 
 
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Crise econômica, Covid e a chegada da classe média aos serviços de saúde pública de Belo Horizonte criaram um cenário de “pressão” e desafio para a atuação da Guarda Municipal na garantia de segurança para todos os funcionários e usuários do sistema, diz o Secretário Municipal de Segurança e Prevenção da capital, Genilson Zeferino.

“Num momento de desesperança no Brasil, com o acirramento de relações e a própria herança da Covid nos deixou mais doentes. A crise financeira trouxe um público que, até então, os centros de saúde não tinham. A classe média perdeu, por salário ou emprego, essa atenção básica e tiveram que recorrer aos postos de saúde. Isso acontece no Brasil inteiro. E pressionada por um segmento que até então não era atendido, essa política tem que responder diferente, com atendimento mais completo e a segurança passa a ter um papel fundamental”, afirmou.

Em maio, diante do aumento de casos de violência das Unidades de Pronto Atendimento (UPA) de Belo Horizonte, o prefeito Fuad Noman (PSD) prometeu um plano para garantir a presença permanente da Guarda Municipal, em todas as unidades.

“Determinei que, a partir de hoje [2/5], guardas municipais estejam presentes 24 horas por dia em todas as UPAs de Belo Horizonte. É necessário garantir segurança e condições de atendimento dignas para os pacientes e trabalhadores da saúde”, afirmou Fuad na ocasião.

Zeferino, secretário responsável por implementar essa política, conversou com os jornalistas Thalita Marinho e Guilherme Ibraim no quadro Café com Política, da FM O TEMPO, desta quinta-feira (10), e explicou como o plano está sendo colocado em prática.

Segundo o secretário, o primeiro desafio é entender que o enfrentamento da insegurança nas unidades de saúde não deve ser encarado como um caso de polícia. “É um espaço que as pessoas já trazem um sofrimento. Não é um espaço de enfrentamento ao crime, muito pelo contrário. São pessoas que já trazem uma dor e é comum que elas estejam irritadas e que qualquer comportamento as irrite ainda mais. Então, tivemos que preparar os guardas para este cenário; para serem empáticos e capazes de interagir naquele cenário de dor e sofrimento e garantir que as pessoas não se desesperem ainda mais”, disse.

Uma das dificuldades apontadas por Genilson Zeferino é uma dificuldade das pessoas de compreenderem e implantarem os protocolos adotados na saúde pública. “Os protocolos, como o protocolo de Manchester, define inclusive prioridades, através das fitas com cores diferentes. A gente ouve casos de pessoas que têm que esperar quatro horas em uma unidade de saúde; às vezes é uma dificuldade de compreender que aquela dificuldade que ela está enfrentando, às vezes uma dor muito grande, faz parte do próprio sintoma e ela pode ser atendida com um tempo maior e isso faz parte desse desentendimento. Isso gera o que a gente chama de ‘desinteligência’, conflitos entre uma expectativa e um fato real”, diz.

O Secretário falou da importância do uso das câmeras e das tecnologias de monitoramento para garantir a segurança nas unidades de saúde e falou que, atualmente, o efetivo da Guarda Municipal, cerca de 2 mil com a perspectiva de chegar a 2,5 mil, é suficiente. “Se considerarmos a Guarda com a função de combate à desordem e segurança das pessoas, sim. O que a Guarda não consegue fazer é a complementação ao serviço da Polícia Militar no combate ao crime, mas não é essa perspectiva hoje”, afirma.

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