BRASÍLIA — Candidato à presidência da Câmara dos Deputados, o líder do Republicanos, Hugo Motta (PB), afirmou nesta segunda-feira (21) que busca construir consenso entre as bancadas em torno de seu nome para a eleição que acontecerá em fevereiro.

"Temos a confiança de que construíremos uma candidatura de consenso da extrema-direita à extrema-esquerda para que tenhamos a Casa funcionando bem, os partidos sendo respeitados e que cada um possa defender a pauta que entende ser importante para o país", disse. 

Motta prometeu diálogo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e com o Judiciário — alvo recente de ofensiva da oposição na Câmara dos Deputados. "O sentimento dos parlamentares é de diálogo com os outros Poderes, com o Executivo e com o Judiciário".

"Podemos ter uma agenda propositiva que se preocupe com o país, que possamos discutir os verdadeiros problemas da população e possamos sair de uma agenda de radicalização", completou Hugo Motta. 

O líder do Republicanos é o candidato do presidente Arthur Lira (PP-AL), que encerrará seu segundo mandato e não poderá disputar a reeleição. Lira ainda não confirmou Motta publicamente como seu sucessor, entretanto, ele sinalizou a posição em almoço com líderes no mês passado.

Os dois estiveram juntos em uma primeira aparição pública nesta segunda-feira durante um evento do setor do agronegócio. Após a abertura da conferência, Lira justificou o porquê de ainda não ter se manifestado publicamente sobre a eleição.

"O fato de eu ter candidato, de eu não ter candidato, é para dar a oportunidade para a Casa dialogar. Nós vamos chegar, penso, a um entendimento. Se não chegarmos, vamos ter o que é salutar na política: a maioria vence, e a maioria vai ser respeitada", afirmou. 

Até o almoço que firmou o apoio a Hugo Motta em setembro, Lira indicava a aliados que defenderia a candidatura do amigo Elmar Nascimento (União Brasil-BA).

O cenário mudou depois de articulações e negociações com o Republicanos, que abdicou da candidatura de seu dirigente Marcos Pereira (SP) para lançar Motta como o nome do partido à presidência da Câmara. 

Ao contrário de Elmar Nascimento, nome que à ocasião encontrava restrições da esquerda à direita, Motta é um nome mais consensual — movimento que Lira deseja. Elmar se sentiu traído, como disse a aliados, e se uniu a Antônio Brito (PSD-BA), candidato mais progressista nesse pleito.