BRASÍLIA – O novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), fez um aceno ao governo federal em pronunciamento à imprensa após sua vitória na eleição para o comando da Casa neste sábado (1º). De acordo com ele, a agenda eleita em 2022 foi a de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e nenhum parlamentar tem direito de atrapalhar a agenda de governo.  

"Nenhum senador, nenhuma senadora tem a autoridade de atrapalhar a agenda do governo. O governo terá sua agenda totalmente respeitada. Aliás, nós vamos ajudar na agenda do governo no que couber ao Parlamento, mas queremos o direito de dizer que concordamos com isso ou não concordamos com aquilo", afirmou.

Alcolumbre foi eleito com os votos de 73 dos 81 senadores, unindo senadores de esquerda e direita. Nas negociações para que ele retornasse ao comando do Senado, foi colocado na mesa pela oposição o apoio a pautas conservadoras, como o PL da Anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Após ser eleito, ele adotou um tom de aproximação com o Palácio do Planalto. 

"Quero fazer uma fala enquanto presidente do Senado eleito, que vamos trabalhar lado a lado, apoiando a agenda do governo, apoiando a agenda do Brasil, e pedindo a independência e a autoridade de senadores que pensam diferente, de partidos diferentes, e que eu tenho a convicção absoluta que cada um, com os seus conhecimentos, pode ajudar a colaborar com a agenda do Brasil e do governo federal", declarou.

Alcolumbre foi parabenizado pelo presidente Lula por sua vitória na eleição do Senado. Em nota, o petista disse que eles irão "caminhar juntos na defesa da democracia e na construção de um Brasil mais desenvolvido e menos desigual".

Desde que o senador amapaense despontou como favorito na disputa, Lula evitou declarar apoio formal a alguma candidatura e disse manteria um diálogo com qualquer um que fosse eleito. Porém, quando o cenário já estava desenhado, se reuniu com o senador como um primeiro ato de aproximação.

Nos dois discursos que proferiu mais cedo neste sábado, no plenário, Davi Alcolumbre fez questão de acenar à oposição. Ele fez uma defesa das prerrogativas do mandato, como a inviolabilidade do discurso parlamentar, uma das principais bandeiras levantadas por parlamentares de direita, que acusam ministros do STF de cercear a imunidade das falas dos congressistas.

'Distanciamento' entre Lira e Pacheco

Em seu terceiro pronunciamento no dia, Alcolumbre afirmou ter a intenção de reverter o que considera ter sido um "distanciamento" entre os agora ex-presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

"Concretamente, no último período, esse distanciamento que todo mundo sabe que há ou que havia entre o presidente Rodrigo e o presidente Arthur, ele de certo modo enfraqueceu o Poder Legislativo. E eu não estou criticando nem o Arthur, nem o Rodrigo. Estou fazendo uma constatação que todos sabemos”, apontou.

Porém, Alcolumbre reforçou que tentará mudar um entendimento tomado por Lira de acabar com a análise de Medidas Provisórias (MPs) por comissões mistas, formadas por deputados e senadores, o que fazia o Senado receber matérias com pouco tempo hábil para análise. 

"Isso forçou o governo, que tinha matérias importantes, a tratar primeiro com a Câmara, para solicitar se podia mandar um projeto de lei em regime de urgência, trancando a pauta. E muitas das vezes o Senado era chamado não pra ser ouvido ou pra opinar numa agenda de governo. Éramos chamados aos 45 minutos do segundo tempo e era feito um apelo para a gente votar direto no plenário uma matéria importante", reclamou.